"Vamos ter melhor castanha,vamos ter,eventualmente,um pouco mais de castanha do que no ano passado,mais cerca de 25 a 30 por cento",afirmou José Gomes Laranjo,a propósito da apresentação da Gala da Castanha,no Sabugal (Guarda),evento que se realiza no Porto,em 30 de novembro.
Segundo José Gomes Laranjo,professor e investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro,a campanha "está a correr melhor do que no ano passado,apesar de algumas incidências negativas que ocorreram".
"Tínhamos um problema que vinha do ano passado,que era a podridão da castanha [fungo que afeta as castanhas logo nas árvores]",explicou o dirigente,referindo que em 2023 a doença "deu cabo de cerca de 50% da produção portuguesa de castanha".
Nesse ano,quando era expectável "uma produção recorde na ordem das 50 mil toneladas",esta ficou-se por menos de metade,sendo "tudo o resto refugo",declarou.
Em 2024,a produção poderá atingir as 30 mil toneladas,precisou este responsável.
Reconhecendo que no ano passado se tratou de "um prejuízo tremendo" ao nível da produção e da perda de confiança dos consumidores,José Gomes Laranjo registou ainda a existência de uma "quebra de consumo brutal".
Face a esta situação,este ano foi "desenvolvido um trabalho no sentido de sensibilizar a produção" de que era "preciso fazer tratamento aos soutos".
"Pegando nos melhores resultados da investigação que tínhamos dos anos anteriores,criámos um protocolo de tratamento para esta doença e pusemo-lo no terreno a nível europeu. E,em Portugal,ele foi implementado",esclareceu,admitindo que,"aparentemente,a incidência da podridão vai ser menor,mas com os tratamentos vai ser ainda menor".
Adiantando que o verão foi "relativamente seco e o período seco do verão afeta a produção em termos do calibre" da castanha,o secretário-geral da RefCast apontou ainda a tempestade Kirk que afetou algumas regiões "com algum significado",incluindo a queda antecipada de ouriços e o derrube de castanheiros.
"Mas,globalmente,nós vamos ter (...) castanha de muito boa qualidade,com menor incidência de podridão e as zonas tratadas praticamente não têm podridão",assegurou,esperando que a qualidade da castanha permita recuperar "um pouco a imagem junto dos consumidores,a imagem de segurança que é preciso dar" e para a qual a Associação Portuguesa da Castanha tem estado a trabalhar.
Em Portugal,existem 50 mil hectares de castanheiros. "A grande massa de castanheiros" está nas Beiras e Trás-os-Montes,sendo que "a norte do rio Tejo estarão 95% daquilo que é a área portuguesa da castanha" e "em Trás-os-Montes mais de 80%",adiantou o dirigente.
"Aquilo que estamos a constatar atualmente,e em função daquilo que é a grande dinâmica de crescimento da fileira,é que as áreas de castanhas estão a expandir-se também em direção ao litoral e hoje o Minho já representa uma área bastante interessante,assim como alguns territórios da Beira Litoral",acrescentou o investigador.