Um suicídio ocorre a cada 40 segundos — Foto: Freepik
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 21/09/2024 - 04:30
"Suicídio entre jovens: urgência na prevenção"
O suicídio,tabu ainda presente,atinge números alarmantes,especialmente entre jovens. Fatores como depressão,transtorno bipolar e estressores sociais contribuem. É crucial reconhecer sinais,buscar ajuda especializada e discutir abertamente para evitar tragédias. Tratamentos eficazes,incluindo fármacos e terapia,podem prevenir desfechos trágicos. É urgente repensar a abordagem social e individual diante desse cenário preocupante.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Talvez a maior parte dos leitores não saiba que,no Brasil,todos os dias,38 pessoas,em média,abrem mão da própria vida,o que representa cerca de 14 mil casos de suicídio no decorrer de um ano ou o equivalente à queda de 70 aviões de 200 passageiros no mesmo período. Segundo os últimos dados da OMS (Organização Mundial da Saúde),passa de 800 mil o número anual de suicídios no mundo,o que corresponde a um suicídio a cada 40 segundos.
Esses são os casos notificados e,dado o estigma que ronda o tema,calcula-se que a subnotificação esteja acima de 30%.
Embora os números sejam altos,o assunto suicídio continua sendo tratado como tabu,em geral vindo à tona apenas quando envolve uma pessoa conhecida ou quando causa especial comoção,como foi o recente caso de um jovem de 14 anos de idade,aluno de um colégio particular de São Paulo.
O suicídio entre jovens tem aumentado significativamente,o que faz acender um sinal de alerta. Segundo estudo do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde,da Fiocruz Bahia,a taxa de suicídios entre jovens de 10 a 24 anos teve alta de 6,14% a cada ano no período de 2011 a 2022,bem acima da média de 3,7% verificada na população geral. Um levantamento do Ministério da Saúde revelou que,de 2016 a 2021,houve elevação de 49,3% na taxa aferida entre jovens de 15 a 19 anos.
A sociedade precisa discutir o assunto com seriedade,e o governo tem de vê-lo como uma questão de saúde pública,como faz a OMS. Afinal,não se trata de casos isolados. O suicídio já é a quarta principal causa de morte entre jovens.
Há uma série de fatores,dos genéticos aos socioeconômicos,passando por exposição à violência,comportamento autolesivo,abuso de álcool,uso de drogas,sedentarismo,distúrbios do sono e até má alimentação,que contribuem para o desfecho trágico. Além disso,o risco de vir a tentar tirar a própria vida aumenta entre os que já tentaram fazê-lo antes e entre os que conheceram alguém que tenha concretizado o ato.
De resto,muitos casos estão relacionados à depressão e ao transtorno bipolar,doenças que,quando não são tratadas adequadamente,podem responder por até 80% dos casos de suicídio. . Diagnosticar o problema,sobretudo na infância e na adolescência,é,porém,um desafio. Quadros de irritabilidade ou de ansiedade,queixas de problemas físicos,alterações de humor,perda de concentração,falta de energia,descuido da aparência e da higiene,tristeza e excesso de autocrítica,além de baixo rendimento escolar e alteração no sono ou no apetite,podem ser sinais de que o jovem precisa de ajuda.
É muito importante que a família não subestime o problema,não trate o sofrimento do filho como se fosse preguiça ou indisciplina. Excesso de autocobrança,conflitos com os pais,decepção amorosa ou bullying podem atuar como estressores,espécie de gatilho que desencadeia o suicídio,o que pode fazer parecer que sejam as suas causas. Essa,no entanto,seria uma interpretação simplista de um quadro extremamente complexo. Em geral,o suicídio não tem uma causa única: fruto de um conjunto de elementos,é o desfecho de um longo processo,que pode ter origem em situações de estresse vividas na infância.
O desafio das famílias,dos educadores,dos profissionais de saúde e da sociedade como um todo é impedir que o suicídio se concretize. Em geral,quem sofre fornece sinais de que algo não vai bem. É preciso que todos se mobilizem para apoiar a quem precisa,conduzindo a pessoa a buscar tratamentos especializados. Existem fármacos muito eficientes,que,associados à terapia,podem evitar desenlaces traumáticos.
Os números alarmantes de suicídios no mundo todo e,particularmente,entre os jovens nos dizem,com muita ênfase,que também precisamos repensar nossa forma de viver.