Elmar Nascimento (à esquerda),com o irmão,Elmo,prefeito de Campo Formoso,e o primo,Francisquinho,vereador: inauguração de estrada teve busto em homenagem a parente — Foto: Reprodução/Redes sociais
RESUMO
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Primo de Deputado Faltou à Diplomação por Prisão
Primo de deputado Elmar Nascimento falta à própria diplomação como vereador após prisão por desvio de emendas parlamentares. Família Nascimento representada na cerimônia por outro primo e prefeito. Operação da PF investiga esquema de propina em licitações na Bahia.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Preso na semana passada em uma operação da Polícia Federal (PF) que apura desvios de emendas parlamentares em licitações na Bahia,o vereador Francisquinho Nascimento (União),primo do deputado federal Elmar Nascimento (União-BA),se ausentou da própria diplomação -- momento em que os eleitos são certificados para assumir o cargo. Francisquinho se elegeu em outubro para a Câmara de Vereadores de Campo Formoso,reduto da família no norte da Bahia. Ele foi solto na quinta-feira junto a outras dez pessoas por decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1).
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A diplomação ocorreu no último dia 12,dois dias depois de a PF deflagrar a Operação Overclean. Francisquinho foi preso após atirar pela janela de sua residência,no momento da chegada dos agentes,uma mala com mais de R$ 200 mil em dinheiro vivo.
Segundo o portal Uol,a defesa de Francisquinho informou que ele foi diplomado por procuração. O expediente é permitido pela Justiça Eleitoral,nos casos em que o eleito não pode estar presente para receber o diploma,formalidade exigida antes da posse no cargo.
Na ausência de Francisquinho,a família Nascimento foi representada na cerimônia pelo prefeito reeleito de Campo Formoso,Elmo (União),que é irmão de Elmar. Outro parente que compareceu à diplomação foi o deputado estadual Junior Nascimento (União),primo de Elmar e de Francisquinho.
Junior é o presidente do diretório municipal do União Brasil em Campo Formoso. Mesmo sem ter sido eleito para qualquer cargo na administração municipal,ele subiu ao palco e posou junto com os vereadores diplomados. Procurado pelo GLOBO,o deputado estadual não quis responder se estava na cerimônia representando o primo que está preso.
-- Estive na diplomação pessoalmente. Ele (Francisquinho) e uma outra vereadora não estiveram -- disse Junior.
Na diplomação dos vereadores de Campo Formoso (BA),Junior Nascimento (de terno claro) posou entre os eleitos,mesmo sem ter cargo no município — Foto: Reprodução/Instagram CFInforma
Ex-secretário municipal na administração do primo Elmo,Francisquinho foi um dos alvos da operação da PF,no início deste mês,por suspeita de participar de um esquema de desvio de emendas parlamentares,mediante pagamento de propina e direcionamento de recursos para empresas fantasmas. A operação prendeu ainda os irmãos Alex e Fábio Rezende Parente,sócios da Allpha Pavimentações,que também foram presos.
Segundo o relatório da PF,os irmãos Rezende comandam uma organização criminosa que “cooptou servidores públicos,a fim de obter diversas vantagens,seja no direcionamento,seja na execução dos contratos" com prefeituras.
No caso de Campo Formoso,os investigadores mencionaram indícios de irregularidades em uma das obras tocadas pela Allpha: a pavimentação de uma estrada que vai da sede do município ao povoado de Limoeiro,feita com recursos do orçamento secreto de 2022. A obra recebeu R$ 4,1 milhões em emendas de relator,complementadas com R$ 8 milhões do município,que fez a licitação em dezembro de 2023.
De acordo com a investigação,no dia da entrega das propostas,Francisquinho e Alex trocaram mensagens sobre “estratégias para inabilitar outras empresas que estavam participando da concorrência”,para possibilitar a vitória da Allpha. A PF alega ainda que o Francisquinho orientou o dono da Allpha a deixar “algo para o pregoeiro”,funcionário que conduz a licitação,e que o primo de Elmar recebeu cerca de R$ 100 mil de outras empresas ligadas aos irmãos Rezende,usadas para operar o esquema ilícito.
Procurada pelo GLOBO,a defesa de Francisquinho disse que não comenta “questões de mérito” da investigação,e não quis se manifestar sobre "questões eleitorais". O deputado Elmar Nascimento e a prefeitura de Campo Formoso não responderam.