Renato Paiva analisou derrota do Botafogo na Liberta — Foto: Vitor Silva/Botafogo
A pressão sobre Renato Paiva e seu trabalho à frente do Botafogo diminuiu com a vitória convincente por 2 a 0 sobre o Fluminense,pelo Brasileirão,na qual o time teve atuação dominante,diferente dos jogos anteriores com o treinador. O período foi suficiente para despertar a revolta da torcida e pedidos por sua demissão,cerca de dois meses após ser contratado,mas o português parece inabalado e se diz tão insatisfeito quanto os alvinegros. Pedindo apoio,mostrou-se seguro do trabalho e afirmou que exibições como a de ontem,no Nilton Santos,poderiam "acontecer a qualquer momento".
— Se há uma coisa que tenho enorme respeito e admiração é pela torcida. Não há nenhuma torcida do mundo que esteja satisfeita quando não se ganha. Nem torcida,nem jogadores,nem treinadores,nem diretores. Ninguém está satisfeito. Se eu fizer o meu trabalho em função disso,não posso ser treinador de futebol — disse Paiva. — Portanto,não é desmerecer a torcida. Estão tão insatisfeitos quanto eu. Agora,o Renato aqui é o menos importante. O que é importante é que a torcida,como fez hoje (sábado),apoie os jogadores. Se não estiver contente,no intervalo,pode manifestar-se,no final,igual. Mas,durante,que apoie os jogadores.
— O Renato (Paiva) já tem 54 anos,23 ou 24 de futebol,e está preparado para estas coisas,e está descontente também. Mas o Renato também sente,e eu tinha dito aos meus jogadores que uma exibição destas podia acontecer a qualquer momento — cravou o treinador do Botafogo. — Nós andávamos no detalhe. Nos jogos em que não aproveitávamos os erros adversários,eles aproveitavam os nossos,que nem eram tantos. A torcida quer ver a sua equipe ganhar e o meu trabalho é perceber como estamos. Manter-me em equilíbrio. Não estou mega eufórico hoje,e não estou em depressão pelo que está a acontecer. Sou responsável e tenho que fazer esse trabalho.
Paiva garantiu que o resultado enche o time de confiança,mas é apenas um indício de um futuro melhor:
— Esta exibição pode aparecer a qualquer momento. Há indicadores que isso poderia acontecer. Se vai voltar a ser ou não,se vamos continuar,se vai ser um ponto de partida daqui para frente,não sei dizer. Mas sei que isso dá muita confiança e eu tenho que viver em cima de indicadores. Agora,vou sair daqui e analisar o jogo. Vou perceber coisas a melhorar,porque quando ganhamos também há muitas coisas a melhorar.
— Uma exibição muito próxima daquilo que eu gosto e como eu vejo o jogo. Muita posse,mas posse com agressão à área adversária,muitas finalizações,em especial no gol. Terminamos jogadas,fomos efetivos,recuperamos bolas mais à frente,reagimos à perda,enfim,todas estas coisas próximas. Como vejo o jogo,só que às vezes não sai e pronto,mas os indicadores são positivos.
Assim como na quarta-feira,após a derrota para o Estudiantes,na Libertadores,o treinador disse que a equipe de 2024 acabou,e que é preciso tempo de adaptação para os jogadores que chegaram nesta temporada;
— Jogadores saíram e jogadores entraram. É simples. E o Botafogo do ano passado não é só o Luiz Henrique e Almada. Saíram 14 jogadores. Portanto,é um Botafogo novo,com uma espinha dorsal do 11 que ficou. A maior parte dos jogadores que ganharam estão aqui. E há um processo todo de adaptação,conhecer os colegas. Portanto,isto é um trabalho que eu quis com muita vontade,e continuo a querer e,imensamente,me orgulho de estar neste clube e trabalhar com estes profissionais. Nós vamos,aos poucos,fazer crescer estes jogadores. Tivemos um mês para treinar,ainda bem,para preparar algumas coisas,porque,senão,poderia ser muito pior. Eu não consigo chorar no passado,porque nem sequer estava aqui. Cheguei depois,me diverti muito vendo o Botafogo do Artur (Jorge) e do Luís Castro. Era uma equipe que jogava muito bem,mas é passado,já não existe. O que existe é este,e nós temos de trabalhar em cima deste,acarinhar este,apoiar este — finalizou.
O Botafogo chegou a oito pontos e dormiu no 6º lugar do Brasileirão. No meio de semana,faz o jogo de ida da terceira fase da Copa do Brasil. O adversário é o Capital (DF),às 19h da quarta,no Nilton Santos.