O presidente do Banco Central,Gabriel Galípolo,em sessão solene na Câmara na semana passada — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 06/04/2025 - 23:33
Banco Central discute impacto da aquisição do Banco Master pelo BRB e estabilidade do FGC
O Banco Central iniciou uma série de reuniões com instituições financeiras,após encontro com os quatro maiores bancos do Brasil,para discutir o caso do Banco Master e possíveis mudanças no Fundo Garantidor de Crédito (FGC). A aquisição do Master pelo BRB,avaliada em R$ 2 bilhões,preocupa o mercado devido à segurança financeira do FGC. O BC busca uma definição rápida para garantir a estabilidade do sistema bancário.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
CLIQUE E LEIA AQUI O RESUMO
O Banco Central (BC) vai realizar novas reuniões com dirigentes de bancos ao longo desta semana,após o líder da autoridade monetária,ter se encontrado no sábado com dirigentes de Bradesco,Itaú,Santander e BTG Pactual.
Foram discutidas possíveis mudanças no Fundo Garantidor de Crédito (FGC),segundo informou o Valor. Agora,o foco deve ser instituições de menor porte.
Banco Master: Governo abre processo sobre investimento de fundos de pensão como RioprevidênciaMaster: entenda o que preocupa o mercado nos resultados do banco em processo de venda para o BRB
Na manhã de hoje,Galípolo se reúne com Rubens Menin,dirigente do Banco Inter,na sede do BC em São Paulo. O diretor de Política Monetária do BC,Nilton José Schneider,recebe ali representantes do Citibank pela tarde,segundo informação confirmada pelo GLOBO.
A reunião extraordinária de sábado,em São Paulo,também contou com Daniel Lima,diretor-presidente do FGC,também foi à reunião de sábado,no prédio do BC na Avenida Paulista. Os banqueiros trataram de possíveis alterações em uma resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) sobre o funcionamento do fundo,constituído com contribuições obrigatórias dos bancos para garantir aplicações de pessoas físicas até R$ 250 mil em caso de crise ou liquidação de um deles.
Avaliação: Compra do Master pelo BRB tem riscos de execução e integração,diz Moody's
Entre essas aplicações estão CDBs com altos rendimentos como os do Banco Master,cuja aquisição pelo Banco de Brasília (BRB) por R$ 2 bilhões depende de aprovação do BC. Embora tenha até 360 dias para analisar,o tema vem ocupando a agenda de Galípolo há uma semana por estar ligado à saúde financeira do FGC e a segurança do sistema bancário do país,num sinal de que a autoridade monetária busca uma definição rápida.
No sábado,Galípolo e representantes dos bancos também falaram sobre a venda do Master ao BRB,um banco público controlado pelo governo do Distrito Federal,que não envolveria ativos menos líquidos do Master,como ações e precatórios. Segundo o Valor,os quatro grandes bancos privados ficaram de analisar a compra desses ativos.
Riscos: Fitch coloca notas de crédito de BRB e Master sob observação
Conversas com BTG
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo,outra possibilidade discutida é a que uma linha do FGC dê ao Master fôlego para as obrigações de curto prazo. Esse caminho teria André Esteves,presidente do Conselho de Administração do BTG,como principal articulador junto aos presidentes dos três maiores bancos do país.
Informações de mercado dão conta de que o BTG teve conversas com o Master e analisou anteriormente a compra,incluindo os ativos que ficaram fora da negociação com o BRB,mas o banco liderado por André Esteves tem dito que apenas analisa oportunidades.
Na noite de sexta-feira,após reportagem do site Uol informar que o BTG havia desistido do Master porque identificou “80% de precatórios podres”,o banco divulgou comunicado ao mercado negando ter feito avaliação patrimonial da instituição financeira em questão e reiterou que “nunca fez proposta para aquisição de ativos ou de participação no capital social do Banco Master”.
O BC não informou o que foi discutido,apenas afirmou que “realiza periodicamente reuniões com integrantes do Sistema Financeiro Nacional para tratar de assuntos referentes à estabilidade financeira”.
O balanço de 2024 do Master mostra patrimônio líquido de R$ 4,7 bilhões e uma concentração de vencimentos de CDBs de clientes até junho que somam R$ 7,6 bilhões. Pela operação em análise no BC,o BRB assumiria 58% do capital total do Master,mas não seria o controlador,ficando com 49% das ações com direito a voto. Agências de classificação de risco manifestaram cautela em relação ao negócio.
O Master cresceu rapidamente oferecendo CDBs com taxas de até 140% do CDI,patamar acima do mercado,tendo como atrativo a garantia do FGC. No entanto,se for obrigado a honrar parte dos compromissos do Master,o FGC pode ficar fragilizado e por em dúvida a segurança do sistema bancário no país. Por isso seria interesse do BC e dos grandes bancos resolver logo a questão.
Analista não vê risco sistêmico
Luis Miguel Santacreu,analista de instituições financeiras da Austin Rating,avalia que o caso Master não impõe um risco sistêmico ao setor financeiro do país,mas a proporcionalidade de um eventual socorro do FGC poderia consumir cerca de 43% do valor depositado em seu cofre.
— Depósitos ao FGC cumprem uma regra relativa ao tamanho de cada banco,com porcentagem sobre a massa dos depósitos de clientes. Quem contribui mais são os grandes bancos,mas todos pagam a apólice desse seguro para que se resolva o problema de um carro batido — ilustra.
Mudança estrutural nas regras
Na visão de Santacreu,a reunião promovida no sábado entre Gabriel Galípolo,o presidente do FGC e chefes de quatro instituições bancárias conhecidas como S1 — com um porte igual ou maior do que 10% de tudo que é produzido pela economia brasileira — teve dois assuntos em pauta: uma saída para o caso Master e uma revisão para o fundo para evitar que instituições vendam ativos com retornos exagerados se apoiando no seguro do fundo garantidor:
— Os bancos grandes estão conversando com o BC para mudar as regras do FGC. Isso é um ponto mais estrutural e de médio prazo. Mas o mais premente é o Master,que acendeu uma luz amarela,já que não tem peso importante no cenário bancário mas fazia captações pagando taxas altas e,que se tiver problema,vai consumir muito do FGC — ele diz.
Para o analista,a discussão não deve se alongar muito,apesar do prazo legal de um ano para o Banco Central anunciar seu veredito sobre a compra do Master pelo BRB:
— Trezentos e sessenta dias é muito tempo e isso (consumir todo o prazo) gera um desconforto num conjunto importante de aplicadores. Acho que tem que ter solução rápida e idealmente alguma em que o BC facilitasse a análise — afirma ele.
Santacreu não duvida que uma decisão possa sair ainda esta semana e crê que o BC conduzirá para que já divulgue o veredito com uma solução. Se houver anúncio apenas de um possível veto à aprovação do negócio com o BRB,“vai gerar mais problema no mercado”.
Webstories