Destruição no campo de refugiados de Jabalyia,no norte da Faixa de Gaza — Foto: Omar aL-Qattaa/AFP
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 09/03/2025 - 13:20
Israel Corta Eletricidade de Gaza e Aumenta Pressão sobre Hamas
Israel anunciou a suspensão do fornecimento de eletricidade para Gaza,intensificando a pressão sobre o Hamas para aceitar a extensão do cessar-fogo. A medida segue o corte de ajuda humanitária,afetando mais de 2 milhões de habitantes. Enquanto negociações com mediadores egípcios permanecem estagnadas,a situação humanitária se agrava,com Gaza dependente de geradores e energia solar.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Israel anunciou neste domingo que cortará o fornecimento de eletricidade para a Faixa de Gaza. Os efeitos completos da medida ainda não estão claro,mas as usinas de dessalinização do território dependem de energia para produzir água potável,publicou a agência americana Associated Press.
Após negociações inéditas: Israel realiza ataque aéreo em Gaza em meio a esforços para prorrogar a tréguaManifestações: Mais de 50 ex-reféns pedem a Netanyahu que implemente o cessar-fogo com o Hamas 'na íntegra'
O anúncio ocorre uma semana após o Estado judeu cortar completamente o fornecimento de ajuda humanitária para o território,que abriga mais de 2 milhões de pessoas – uma medida que foi amplamente criticada pela comunidade internacional. A iniciativa visa pressionar o Hamas a aceitar a extensão da primeira fase do cessar-fogo,que terminou no último fim de semana.
Enquanto o grupo pede negociações imediatas sobre a segunda fase do cessar-fogo,que deveria levar a um fim definitivo da guerra,Israel prefere uma prorrogação da primeira fase até meados de abril. Neste domingo,o Hamas disse ter encerrado a última rodada de negociações com mediadores egípcios sem alterar sua posição,reiterando a necessidade de avançar para a segunda fase do acordo.
No fim de semana,representantes do Hamas também se encontraram com mediadores no Cairo para buscar a retomada das entregas de ajuda “sem restrições nem condições”. Mahmud Mardawi,um dirigente do grupo,disse à AFP que o Hamas “enfatiza a urgência de forçar a ocupação (como se refere a Israel) a iniciar imediatamente as negociações da segunda fase sob os parâmetros acordados”.
Uma nova carta do ministro de Energia de Israel,Eli Cohen,ordenou à Israel Electric Corporation que interrompa a venda de eletricidade para Gaza. Israel já havia alertado que,além do bloqueio de suprimentos,a água e a eletricidade poderiam ser os próximos alvos. Em comunicado,Cohen disse que o Estado judeu usará “todas as ferramentas à disposição para trazer os reféns de volta”.
Gaza já foi amplamente devastada pela guerra,e a eletricidade atualmente vem,em parte,de geradores e painéis solares. De acordo com a agência Associated Press,a principal usina de dessalinização em funcionamento no território,e que fornece água para 600 mil pessoas,deve ter a produção afetada. Citando a organização israelense Gisha,que defende a liberdade de movimentação da população palestina,a unidade de Deir al-Balah tinha capacidade de produzir 18 mil metros cúbicos de água por dia,mas agora,com a operação dependendo de geradores,o volume diário pode ser menor do que o necessário para encher uma piscina olímpica.
Em resposta,o Hamas disse chamou a decisão de "chantagem inaceitável" de Israel.
"Condenamos firmemente a decisão de cortar a eletricidade em Gaza,depois de tê-la privado de alimentos,medicamentos e água",afirmou Izzat al-Rishq,membro do bureau político do movimento islamista palestino,criticando uma "política de chantagem mesquinha e inaceitável".
Envolvimento direto
Taher al-Nono,assessor político do líder do Hamas,disse que as conversas com Adam Boehler,o encarregado do governo americano para negociar a liberação dos reféns,foram “positivas e flexíveis”. Segundo publicado pelo jornal israelense Haaretz,as duas partes teriam discutido como garantir a implementação de um acordo destinado a encerrar a guerra entre Israel e Hamas.
O enviado especial do presidente Donald trump,Steve Witkoff,disse a jornalistas na Casa Branca na semana passada que garantir a libertação de Edan Alexander,o jovem de 21 anos natural de Nova Jersey – e que se acredita ser o último refém americano vivo mantido pelo Hamas em Gaza – era uma “prioridade máxima”. Alexander serviu como soldado nas Forças Armadas de Israel.
— Informamos à delegação americana que não nos opomos à libertação do prisioneiro dentro do contexto dessas negociações — disse al-Nono à Reuters.
Apesar do fim da fase inicial da trégua,ambas as partes evitaram retornar a uma guerra total,embora tenham ocorrido episódios esporádicos de violência. Neste domingo,o Exército do Estado judeu anunciou um ataque contra combatentes que estavam enterrando um artefato explosivo no norte do enclave. Em nota,as Forças Armadas de Israel escreveram:
“Vários terroristas foram vistos perto das tropas do Exército enquanto tentavam esconder um artefato explosivo no solo no norte de Gaza”.
As discussões entre o enviado americano para negociar a libertação de reféns e o Hamas romperam com uma política de décadas de Washington contra negociações com grupos que os Estados Unidos classificam como organizações terroristas.
A trégua pôs fim a 15 meses de combates intensos na Faixa de Gaza,que fizeram com que praticamente toda a população do território – cerca de 2 milhões de pessoas – fosse deslocada. Pelo menos 48 mil palestinos foram mortos. O conflito teve início após o ataque sem precedentes do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023,quando 1,2 mil pessoas foram mortas e 251 foram sequestradas.
A primeira fase do cessar-fogo,com duração de seis semanas,permitiu a troca de 25 reféns israelenses vivos e oito mortos por 1,8 mil prisioneiros palestinos detidos em Israel. Também possibilitou a entrada de alimentos e assistência médica em Gaza,embora o Estado judeu tenha voltado a bloqueá-la. Dos 251 reféns sequestrados pelo Hamas,58 permanecem em Gaza.
(Com AFP)