Mineradora Vale — Foto: Divulgação
RESUMO
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Executiva da Vale questiona diversidade versus mérito,mas empresa reafirma compromisso.
A executiva da Vale levanta dúvidas sobre a importância da diversidade em relação ao mérito,sugerindo uma mudança de foco corporativo. A empresa reafirma seu compromisso com a inclusão,mantendo metas de diversidade. A Vale destaca a importância da pluralidade e igualdade de oportunidades,sem alterações em suas políticas. A postura da executiva é vista como uma reflexão pessoal e não como uma mudança na estratégia da empresa.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Com 137 mil seguidores no Instagram,Cátia Porto,vice-presidente executiva de Pessoas da Vale,a mineradora brasileira que está entre as maiores do mundo,postou uma série de afirmações em seus stories destacando que a "cultura woke está perdendo espaço" no mundo corporativo,favorecendo uma suposta substituição de políticas DEI (Diversidade,Equidade e Inclusão) pelo que ela chamou de MEI (Mérito,Excelência e Inteligência).
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Como ela assumiu o cargo há pouco tempo,no fim do ano passado,os posts contrapondo conceitos de diversidade e inclusão com os de "mérito" e "performance" chamaram a atenção e levantaram dúvidas sobre a possibilidade de a Vale se juntar a uma série de grandes empresas no mundo que estão retrocedendo em suas políticas DEI,particularmente nos EUA após a eleição de Donald Trump.
A mineradora,no entanto,afirmou em nota que nada mudou em suas metas de diversidade para o corpo funcional.
Imagem de Cátia Porto,vice-presidente Executiva da Pessoas,no portal de governança corporativa da Vale — Foto: Reprodução
A palavra woke — termo em inglês que poderia ser traduzido como "acordei" ou "estou consciente" — surgiu em movimentos progressistas nos Estados Unidos voltados ao combate de desigualdades sociais e do racismo estrutural,estimulando políticas no mundo corporativo para defender mais oportunidades para grupos minorizados nas estruturas de poder das empresas,como mulheres,negros,pessoas com deficiência e da comunidade LGBTQIAPN+.
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No entanto,o termo woke tem sido usado de forma pejorativa por conservadores ou adeptos da extrema direita parar combater políticas afirmativas.
'Performance é o nome do jogo agora'
Ainda antes de ingressar na cúpula da Vale,Cátia Porto já usava suas redes sociais para falar de temas relacionados a carreiras. Na semana passada,ao responder à pergunta de um internauta no Instagram sobre por que as empresas estão retornando ao modelo presencial de trabalho,a executiva citou uma reportagem do Wall Street Journal e escreveu:
“A cultura woke está perdendo espaço. Ao contrário do DEI (Diversidade,Equidade e Inclusão),que foca na diversidade como elemento-chave,há um novo movimento chamado MEI (Mérito,Excelência e Inteligência),que enfatiza uma combinação de mérito e altos padrões de desempenho,juntamente com habilidades intelectuais.”
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VP da Vale diz que cultura woke está perdendo espaço e defende mérito como novo foco corporativo — Foto: Reprodução
Cátia,que assumiu o cargo na Vale com a mudança no alto comando da mineradora e a chegada de Gustavo Pimenta à presidência no fim de 2024,sugeriu que a volta aos escritórios estaria ligada com a necessidade de as empresas conferirem "habilidades" no que chamou de "performance" dos empregados.
No mesmo story,ela escreveu: “E,ao falar de mérito,falamos predominantemente sobre reconhecer e recompensar indivíduos com base em suas habilidades,desempenho e contribuições.”
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VP da Vale diz que cultura woke está perdendo espaço e defende mérito como novo foco corporativo — Foto: Reprodução
E concluiu “Performance é o nome do jogo agora! E o modelo presencial é frequentemente associado a um maior desempenho devido a aspectos específicos que favorecem a colaboração,o aprendizado e a produtividade.”
Em outro story,Cátia fez um questionamento a si mesma para dizer que não expressava exatamente uma opinião,mas apontava uma tendência na área de recursos humanos: “Ahhh,Cátia,mas qual a sua opinião em relação a tudo isso?” E respondeu: “Pouco importa a minha opinião,é um movimento! E quem entende movimentos sabe que ou você se adapta rapidamente e surfa a onda de forma mais tranquila ou vai ficar na laterninha… no grupo que reclama,resiste e não sai do lugar…”
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VP da Vale diz que cultura woke está perdendo espaço e defende mérito como novo foco corporativo — Foto: Reprodução
'Coach' e influenciadora
Antes de ingressar na Vale,Cátia era conhecida por atuar como uma espécie de coach e dar dicas nas redes sociais. O perfil da executiva da Vale se chama "talentaks" e traz na descrição os predicados de sua experiência: “Executiva C-level,Vice-presidente,Carreira Internacional em 6 países”.
Ela afirma ter formado mais de 4 mil alunos e 3 mil mentorados. Em seus 686 posts,compartilha diversas reflexões em linguagem acessível sobre sua visão do mercado de trabalho,como “8 sinais de que conflitos internos te dominam”,“Sua empresa pratica a cultura do medo?”,“Por que os líderes se sentem solitários?” e “20 perguntas que todo líder deve fazer para seu time”.
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Segundo fontes na Vale ouvidas pelo GLOBO,as declarações da executiva que ganharam repercussão na internet depois de destacadas pelo portal Reset foram vistas como a de um coach que costuma abordar questionamentos em voga nas redes sociais de forma aleatória e não um expressão de mudança no posicionamento da Vale nessa área.
Vale diz manter metas de diversidade
Procurada,a mineradora informou em nota que não há mudanças em suas políticas e diretrizes para a agenda de diversidade e inclusão. “A empresa estabeleceu a meta de dobrar a representatividade de mulheres na força de trabalho até o final deste ano,de 13% para 26%,e conseguiu atingi-la em 2024,com 8 mil mulheres a mais em seus quadros.”
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A empresa afirmou ainda que outro compromisso público é o de alcançar 40% de pessoas negras em posições de liderança até 2026,atualmente em 37%. A companhia disse acreditar que “a pluralidade aprimora a capacidade de trazer novas soluções para o negócio,gera mais engajamento e contribui para a inovação,a performance e a eficiência”.
Por fim,ressaltou que seu objetivo é “criar um ambiente em que todos,independentemente de origem,identidade ou experiência,sintam-se valorizados e tenham oportunidades iguais de desenvolvimento”.
A Vale afirmou ainda que seguirá trabalhando para garantir que sua equipe reflita a pluralidade da sociedade brasileira,sempre com base no mérito,no respeito e na inclusão. Também procurada pelo GLOBO,Cátia Porto não retornou.
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