Uma ilustração de Xenodens calminechari,um mosassauro cuja descrição foi baseada em fósseis que os cientistas agora acham que podem ser falsos — Foto: Henry Sharpe
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 13/01/2025 - 08:49
Fóssil de mosassauro raro sob suspeita no Reino Unido
Um fóssil de mosassauro considerado raro pode ser uma falsificação,intrigando cientistas no Reino Unido. Dúvidas surgem sobre os dentes e a origem do fóssil de uma nova espécie,levando a pedidos de tomografias para confirmar sua autenticidade. A disposição incomum dos dentes e a falta de acesso à mina de onde veio o fóssil geram perplexidade,levantando preocupações sobre possíveis fraudes.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
CLIQUE E LEIA AQUI O RESUMO
Um fóssil que poderia reescrever a história dos mosassauros,répteis marinhos predadores do período Cretáceo,está agora no centro de um mistério científico. Descrito como uma nova espécie em 2021,o Xenodens calminechari pode ter sido baseado em uma peça forjada,segundo um estudo recente. A mandíbula parcial e seus dentes afiados,descobertos em uma mina de fosfato na província de Khouribga,no Marrocos,levantaram suspeitas,e pesquisadores pedem tomografias para confirmar se o fóssil é autêntico.
Veja: Arranha-céus em Dubai serão conectados por piscina de 'ultra-cobertura'; fotos'Tesouros da Mesopotâmia': arqueólogos reconstituem artefatos destruídos por jihadistas no Iraque
“Se este fóssil for de fato uma falsificação,isso deve ser estabelecido na literatura publicada como tal”,afirmou Henry Sharpe,autor principal do novo estudo e pesquisador da Universidade de Alberta. As características únicas que despertaram atenção em 2021 — dentes pequenos,curtos e em formato de lâmina,dispostos como uma serra — agora são questionadas.
Uma das maiores dúvidas levantadas pelos pesquisadores está na disposição dos dentes: dois deles compartilham o mesmo alvéolo,algo jamais observado em mosassauros,que normalmente têm cada dente alojado em seu próprio encaixe. “Cada coroa dentária constrói sua própria casa”,explicou,à Live Science,Michael Caldwell,professor da Universidade de Alberta e coautor do estudo.
Outro detalhe peculiar está na chamada "sobreposição medial",um material extra que encobre dois dos dentes. Esse tipo de formação não condiz com o desenvolvimento natural dos dentes de mosassauros. “O fato de haver essa sobreposição é um enorme indicador de uma possível falsificação”,afirmou Mark Powers,doutorando e coautor do estudo.
O mistério da mina de fosfato
A origem do fóssil também é motivo de preocupação. Ele não foi escavado por paleontólogos,e a mina marroquina de onde supostamente veio é famosa pela circulação de fósseis adulterados. Para piorar,os pesquisadores não conseguiram acesso ao fóssil para realizar tomografias computadorizadas,essenciais para verificar sua autenticidade.
Sharpe relata que,ao tentar contato com Nick Longrich,autor principal do estudo de 2021,foi recebido com desconfiança. Longrich questionou o ângulo da pesquisa e recusou-se a colaborar,algo que Sharpe classificou como “totalmente antiético”.
Segundo a Live Science,Wahiba Bel Haouz,pesquisadora da Universidade Hassan II Casablanca,destacou a falta de regulamentação no Marrocos para proteger fósseis,o que facilita a circulação de peças forjadas. Ela alertou que cientistas estrangeiros deveriam sempre trabalhar em colaboração com pesquisadores locais para evitar fraudes.