A primeira escultura feita por inteligência artificial do mundo é exibida no museu Tekniska em Estocolmo em 8 de junho de 2023 — Foto: Jonathan NACKSTRAND / AFP
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 08/01/2025 - 20:28
IA na Indústria Criativa: Desafios e Regulamentação
A inteligência artificial gera preocupações para criadores de conteúdo,com previsões de perda de receitas significativas. A falta de regulamentação pode levar a uma crise na indústria criativa. A proteção dos direitos autorais é fundamental para garantir a sustentabilidade dos criadores. A regulação deve equilibrar inovação e valorização da arte. A necessidade de transparência e responsabilidade na IA é crucial para preservar a identidade cultural e os direitos dos criadores.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
CLIQUE E LEIA AQUI O RESUMO
A Confederação Internacional de Sociedades de Autores e Compositores (Cisac) é a principal rede mundial de sociedades de autores. Fundada em 1926,é uma organização com sede na França.
Atos golpistas: Lula acena a militares e defende punições por 8/1
Com 227 associações em 116 países,representa mais de cinco milhões de criadores de todas as regiões e dos setores da música,audiovisual,drama,literatura e artes visuais. Buscando lançar um alerta sobre o impacto da inteligência artificial generativa (IAG) nas receitas dos criadores de música e audiovisual até 2028,a organização acaba de publicar um estudo pioneiro enfatizando que as receitas dos criadores estão em risco devido ao crescimento da IAG. Com previsões que indicam uma perda de 24% na música e 21% no audiovisual até 2028,a situação pode ser dramática para a indústria criativa,caso uma regulação não seja legitimada pelos governos,de preferência com alguma sincronicidade global.
Cooperação no Ártico: Após Trump ameaçar tomar Groenlândia,Dinamarca pede diálogo
O estudo da Cisac aponta que o mercado musical e audiovisual gerado por IA deverá aumentar dos atuais € 3 bilhões para impressionantes € 64 bilhões em 2028. Ao mesmo tempo,as receitas projetadas para os serviços de IAG em música e audiovisual somarão € 9 bilhões em 2028,um crescimento notável em relação ao € 0,3 bilhão atual.
Mais Sobre Inteligência Artificial
‘Todas as experiências terão IA em cinco anos’,diz CEO global da Qualcomm
Entenda em 5 pontos as mudanças na Meta anunciadas hoje por Zuckerberg
Enquanto as empresas de tecnologia se beneficiam do crescimento,os criadores enfrentam um cenário desafiador,com a perda substancial de sua renda. A estimativa é que,nos próximos cinco anos,os criadores perderão cerca de € 22 bilhões,sendo € 10 bilhões no setor musical e € 12 bilhões no audiovisual.
A pesquisa destaca que,até 2028,a música gerada por IA representará cerca de 20% das receitas das plataformas de streaming e aproximadamente 60% das receitas das bibliotecas musicais. Esse cenário demonstra a crescente substituição de obras artísticas por conteúdos gerados por máquinas,colocando em risco a sustentabilidade dos criadores e banalizando a criação como uma commodity,numa enganosa democratização a serviço econômico de poucos.
O estudo aponta ainda que tradutores e dubladores sofrerão enorme impacto,com 56% de suas receitas em risco. Roteiristas e diretores não ficarão imunes,podendo ver suas receitas canibalizadas em até 20%.
Esse panorama exige uma reflexão densa sobre o papel da IA na produção de conteúdos e na adoção de medidas para proteger os direitos autorais. A IA demanda um equilíbrio entre a inovação tecnológica e a valorização da arte,garantindo que os criadores não sejam abandonados num mercado em meteórica evolução.
Sem regulamentação,será a barbárie sobre a propriedade intelectual. Todo o treinamento da IA é feito com o uso não liberado de obras protegidas,manipuladas num terreno baldio virtual,que ignora suas titularidades. Os governos precisam agir e construir uma arquitetura legal que proteja os criadores,exija transparência e remuneração,além da opção de não concessão da utilização. Se não,é a banalização global,atropelando ricas e intransferíveis características humanas. Tudo isso a serviço de grupos monopólicos que se consolidam como “guardiões” da cultura de forma sem precedentes e livres de controle.
Não somos contra a IA e suas capacidades,mas é vital estabelecer critérios claros de transparência e responsabilidade.
A economia criativa participa de maneira ativa do PIB. No Brasil estimamos em 4% e com capacidade para mais. Países como a Coreia do Sul já demonstram ao mundo o poder do soft power,reproduzindo da sua maneira o que Estados Unidos,Inglaterra e França já fazem de forma secular.
Temos como alcançar uma regulação que prime pelo bom senso,desencoraje judicializações e proteja os criadores da cultura e sua contribuição para identidade nacional. O Senado Federal acaba de dar um passo vital para um marco legal de vanguarda. Esperamos uma sequência construtiva na Câmara dos Deputados,e todo o setor criativo permanece insone para o que der e vier.
*Marcelo Castello Branco é CEO da União Brasileira de Compositores