Quadra da Portela, Casa Candeia e Bar do Seu Nozinho: passeios mostrarão dez locais ligados ao samba em Oswaldo Cruz

Marquinhos de Oswaldo Cruz,curador da 'Caminho do Samba em Oswaldo Cruz' e criador do Trem do Samba — Foto: Gabriel de Paiva

RESUMO

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GERADO EM: 01/12/2024 - 21:24

"Roteiro Samba em Oswaldo Cruz: Destaques e História"

Roteiro gratuito "Caminho do Samba em Oswaldo Cruz" destaca 10 locais emblemáticos ligados ao samba,lançado pela Embratur. Guia inclui QR codes informativos e playlist. Guia Marquinhos ressalta importância histórica dos locais. Embratur capacita guias bilíngues para passeios na região. Outros dois roteiros da Rota do Samba serão lançados em breve. Diversas opções para curtir o samba na semana do Dia Nacional do gênero.

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Qualquer tempo livre é um pretexto para amantes de uma batucada boa reunir amigos em torno de uma roda e deixar o coração estremecer de alegria. Mas nesta segunda-feira há um motivo especial para isso: a celebração do Dia Nacional do Samba. E que tal visitar um dos berços do samba no subúrbio do Rio,passando por locais como Casa Candeia,Bar do Seu Nozinho,Casa da Tia Doca,Dona Neném do Bambuzal e Circo São Jorge? Esses e outros espaços fazem parte do "Caminho do Samba em Oswaldo Cruz",roteiro que será lançado nesta segunda na quadra da Portela e que destaca dez pontos emblemáticos do bairro na história do estilo musical. 

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O guia temático é o primeiro do projeto Rota do Samba,criado pela Embratur,a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo,com o objetivo de apresentar a conexão do Rio com o gênero para cariocas e turistas. 

— Essa rota é um sonho meu e de muita gente. Oswaldo Cruz é uma espécie de museu de bens culturais e um dos locais mais sagrados da nossa música,onde cada canto remete a uma canção famosa. Os mais importantes compositores de samba viveram no bairro,como Cadeia,autor de "Preciso me encontrar",sucesso na voz de Cartola; Mijinha,que escreveu "Sentimento",gravado por Paulinho da Viola; Chico Sant'Anna,autor de "Saco de feijão",interpretada por Beth Carvalho; além de Monarco ("Coração em desalinho"),Manacéa ("Quantas Lágrimas),Argemiro da Portela ("A chuva cai") e Alcides Malandro ("Isolado no mundo") — conta o sambista e idealizador do Trem do Samba Marquinhos Oswaldo Cruz,que é curador da rota. 

Feijoada na quadra da Portela — Foto: Alexandre Cassiano/4-02-2023

O roteiro inclui ainda a Estação de Oswaldo Cruz,a Portela,a Feira das Yabás,a Portelinha e a Casa da Dona Esther. 

— O Rio é a cidade do mundo em que houve mais negros escravizados,e a Estação de Oswaldo Cruz,por exemplo,é um elemento que compõe essa questão racial. Houve uma diáspora interna,com a expulsão de negros do Centro da cidade,com a reforma Pereira Passos,e também com muitas pessoas sem saber para onde ir após a abolição da escravatura vindas do Sul de Minas Gerais e do Vale do Paraíba. Morar em Oswaldo Cruz,que era quase rural,foi a solução para várias pessoas,e vários desses compositores vieram desse deslocamento. Na época,era proibido cantar samba e ir ao terreiro, hábitos associados à marginalidade. Paulo da Portela,então,começou a marcar de se encontrar com amigos na Central do Brasil,às quintas-feiras: às 18h04,eles embarcaram e,quando o trem partia,eles começavam a cantar até a Oswaldo Cruz. Essa era uma forma de resistir e manter o samba vivo — narra Marquinhos. 

Casa Candeia

Um dos principais pontos do roteiro,a Casa Candeia foi onde nasceu o compositor que lhe dá nome. Nascido em 1935,Antônio Candeia Filho costumava se reunir com amigos perto da estação de trem para criar seus sambas. O grupo ficou conhecido como Turma do Muro. Foi aos 17 anos que ele emplacou seu primeiro samba-enredo na Portela. 

Casa da Tia Doca,cujos frutos incluem Zeca Pagodinho e Jovelina Pérola Negra — Foto: Reprodução

— Candeia foi a maior liderança negra do século passado na música. Foi o primeiro cara a falar em políticas afirmativas numa canção,a "Dia de graça" — observa Marquinhos. — O Circo São Jorge foi onde Paulo da Portela cantou pela primeira vez; da Casa da Tia Doca,saíram Zeca Pagodinho e Jovelina Pérola Negra; Dona Esther fazia festas em sua casa que duravam sete dias e tinham freguentadores como Pixinguinha; já a casa da Dona Neném do Bambuzal foi onde a Portela e sua bateria foram batizadas em Oxossi. 

QR codes informativos

Em cada um desses locais foram instaladas placas com QR codes que permitirão que o público leia textos,em português e em inglês,sobre o ponto visitado,além de uma playlist no Spotfy,com três músicas para cada ponto e um podcast explicando a relação dessas canções com o espaço.

— A Rota do Samba é importante por vários aspectos. Primeiro,por contar a história de uma região que é um museu a céu aberto do samba. O caminho da fundação da Portela,as memórias de seus compositores e das casas históricas de todo um bairro que era rural e virou um berço do samba. Segundo que,a partir desse resgate,permite que o turista saio do circuito mais lógico de Cristo Redentor,Pão de Açúcar e praia e faz com que ele conheça o subúrbio carioca,sua gente e suas histórias. E terceiro que estamos formando guias para se especializarem nessa rota. Eles estão aprendendo sobre os dez pontos históricos mapeados por Marquinhos de Oswaldo Cruz e que contam a história da Portela e dos sambistas de Oswaldo Cruz com inovação,tecnologia e realidade aumentada — destaca Marcelo Freixo,o presidente da Embratur. 

Guias de turismo em treinamento para conduzir a Rota do Samba em Oswaldo Cruz — Foto: Divulgação

A Embratur capacitou mais de 20 guias de turismo bilíngues da região para realizar passeios pelo  "Caminho do Samba em Oswaldo Cruz",e,a partir do próximo dia 14 até março,oferecerá guiamentos gratuitos com esses profissionais pela rota. Carioca e turistas poderão se inscrever pela plataforma IFriend. Quem fizer o passeio com um dos guias terá acesso a recursos tecnológicos exclusivos,como interação com realidade aumentada. 

Mais dois roteiros da Rota do Samba serão lançados em breve,prevê a Embratur. Os locais ainda estão em definição. 

Veja onde curtir uma batucada a cultura do samba na semana do Dia Nacional do gênero

Largo da Prainha: Samba de terça a sábado,a partir das 18h. Na terça,com o grupo Batuque Suburbano; na quarta,com Mulheres da Pequena África; na quinta,com Terreiro de Bamba; na sexta,com André Pereira; e,no sábado,com Pagode do Bafo.Pedra do Sal: Samba sempre de sexta à segunda e vésperas de feriados,a partir das 18h Trem do Samba: dia 7,próximo sábado,a partir das 18h,saindo da estação de trem Central do Brasil,com rodas de samba nos vagões,até Oswaldo Cruz,onde a festa continua,com três palcos e cerca de 20 rodas de samba como atração.Portela: dia 7,a partir das 13h,tradicional feijoada da Portela,com show da cantora Teresa Cristina e apresentações da Velha Guarda e do intérprete Gilsinho.Bar do Zeca Pagodinho (shopping ParkJacarepaguá): Sexta e sábado,das 18h às 2h,e domingo,do meio-dia à meia-noite.Mangueira: nesta segunda,2,às 18h,abertura da exposição Patrimônios Negros (Rua Visconde de Niterói,1.296)