Miranda Sarmento expectante quanto às taxas de Trump sobre importações

Joaquim Miranda Sarmento afirmou que o "comércio internacional tem efeitos de eficiência e de riqueza nos países". "A nossa expetativa é que as relações económicas,sobretudo entre a Europa e os Estados Unidos,se mantenham como até agora",salientou.

 

Antes de um encontro,à porta fechada,na sede do PSD de Leiria,para falar sobre o Orçamento do Estado,o ministro considerou que as "tarifas sobre produtos importados atingem,do ponto de vista económico,os consumidores e,sobretudo os consumidores de menores rendimentos".

"Portanto,a minha expectativa é que os Estados Unidos não lancem uma nova vaga de tarifas e de protecionismo",reforçou Miranda Sarmento.

As exportações portuguesas para os Estados Unidos representam "sensivelmente 10% do total da exportação de bens" de Portugal. O governante reconhece que a confirmar-se o aumento de tarifas haverá impacto nas empresas,nomeadamente em alguns setores que são mais vulneráveis,como por exemplo,"o setor do papel,mas também o de componentes automóveis,entre outros".

"Como economista entendo que as tarifas são uma má política económica. Vamos aguardar para ver o que é que os Estados Unidos decidem",se a administração americana "avança para um plano de aumento das tarifas e em que valores".

Só depois de conhecer as decisões de Donald Trump é que o Governo português atuará "em conformidade".

Confrontado sobre se os governos dos países europeus deverão avançar para um acordo alargado entre si,em resposta às taxas de importações americanas,o ministro das Finanças insistiu que ainda é cedo para falar sobre o assunto. "O Presidente Trump tomará posse dia 20 de janeiro. A administração americana depois tomará decisões e seguramente que haverá um diálogo,como existe sempre entre os dois blocos económicos. A Europa tomará as suas decisões também em função daquilo que sejam as decisões da administração americana",disse.

Para Miranda Sarmento,o mais importante é que a Europa "olhe para os seus problemas e os procure resolver".

"O problema número um é claramente a baixa produtividade que tem,sobretudo quando comparado com a economia americana e que é uma divergência que se iniciou em 2008 e que nos últimos 15 anos se agravou significativamente",apontou.

Segundo o ministro,é sobre esses problemas que é necessário atuar. "Se nós formos capazes de resolver,ou pelo menos mitigar bastante,os nossos problemas,as decisões que os outros tomem terão sempre menor impacto sobre a nossa vida e sobre a nossa economia",defendeu.

O governante entendeu ainda que um agravamento da situação da guerra não irá destabilizar o orçamento português,que assenta numa "previsão macroeconómica sustentada,alinhada com todas as entidades internacionais".

"Até o FMI [Fundo Monetário Internacional] e Conselho das Finanças Públicas têm previsões de crescimento para o próximo ano mais otimistas do que aquelas que o Governo inscreveu no orçamento. Naturalmente,uma pequena economia bastante aberta,como é o caso da portuguesa,está sempre sujeita àquilo que possam ser choques externos",admitiu.

Esperando que não aconteçam esses choques externos,Miranda Sarmento acredita que a "economia portuguesa vai crescer bem e acima de 2% no próximo ano".