Mar Mediterrâneo perdeu 70% de sua água há 5,5 milhões de anos, diz estudo; entenda

A imagem mostra uma vista geral do Estreito de Gibraltar de Tarifa em 27 de novembro de 2018. — Foto: JORGE GUERRERO / AFP

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 18/11/2024 - 11:25

Dessecação do Mar Mediterrâneo: Estudo revela impacto histórico.

Há 5,5 milhões de anos,o Mar Mediterrâneo perdeu 70% de sua água devido ao fechamento do estreito de Gibraltar,revela estudo. A dessecação ocorreu em duas fases,impactando a biodiversidade e causando formação de sal. A reabertura do estreito permitiu o reenchimento do mar.

O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.

CLIQUE E LEIA AQUI O RESUMO

O Mar Mediterrâneo perdeu 70% de sua água há 5,devido a um período de drástica dessecagem causado pelo fechamento do estreito de Gibraltar,segundo um estudo publicado nesta segunda-feira. A estreita passagem marítima,que separa a Espanha do Marrocos,desempenha um papel essencial nesse ecossistema.

Onze graus abaixo de zero:idoso é resgatado com vida após ficar preso no vulcão Lanín,na Argentina'Planeta dos macacos?': policiais se trancam em delegacia após invasão de 200 primatas em cidade da Tailândia

Os poucos rios que abastecem o Mediterrâneo com água doce não são suficientes para compensar a evaporação de sua água. Esse desequilíbrio é equilibrado pelo intercâmbio entre o Mediterrâneo e o oceano Atlântico através do estreito: na superfície,a água atlântica entra no Mediterrâneo,enquanto,nas profundezas,a água mediterrânea — mais salgada — sai.

Caso o estreito fosse bloqueado,o nível do mar cairia cerca de "0,5 metros por ano",destacam os autores do estudo,publicado na *Nature Communications*.

Foi o que aconteceu entre 5,97 e 5,33 milhões de anos atrás,no final do Mioceno.

O fechamento do estreito,principalmente devido aos movimentos das placas tectônicas,limitou o intercâmbio de águas entre o Mediterrâneo e o Atlântico,causando uma concentração de sal no mar.

Casal nada ao lado de um tubarão no Mar Mediterrâneo,perto da cidade costeira de Hadera,no norte de Israel. — Foto: MENAHEM KAHANA / AFP

Esse episódio,conhecido como "crise salina do Messiniano" em referência à cidade italiana de Messina,deixou marcas visíveis: o fundo do Mediterrâneo está coberto por uma camada de sal que,em alguns pontos,atinge de 2 a 3 quilômetros de espessura,totalizando um milhão de quilômetros cúbicos,explica Giovanni Aloisi,pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França e geoquímico do Instituto de Física do Globo de Paris.

O alcance da queda no nível do mar durante esse período,entretanto,ainda era tema de debate. "Algumas hipóteses apontavam que o nível do Mediterrâneo mal havia caído,enquanto outras sugeriam que ele quase se esvaziou",observa Aloisi,que liderou o estudo.

Duas fases e a formação de um 'ponte terrestre'

A análise de isótopos de cloro presentes nos sais extraídos do fundo do Mediterrâneo revelou que o episódio ocorreu em duas fases.

Na primeira,que durou cerca de 35.000 anos,o Mediterrâneo estava "cheio de água,como hoje",mas o estreitamento do estreito de Gibraltar dificultava a saída de água salgada para o Atlântico. Isso levou a uma acumulação de sal na parte oriental,tornando o mar salobre,detalha o pesquisador.

A segunda fase foi bem mais curta,durando cerca de 10.000 anos. O estreito se "fechou completamente",isolando o Mediterrâneo do Atlântico e interrompendo o fluxo de águas. O sal se acumulou em toda a região,e o mar secou.

O nível da água caiu entre 1,7 e 2,1 km na parte oriental e cerca de 850 metros na parte ocidental,resultando na perda de 70% do volume total de água do Mediterrâneo. Isso só foi revertido quando o estreito de Gibraltar se reabriu,permitindo o reenchimento do mar.

Jovens mergulham no mar Mediterrâneo na cidade de Nice,na Riviera Francesa,em 10 de agosto de 2023. — Foto: Valery HACHE / AFP

Essa dessecagem teve impactos drásticos na paisagem e na biodiversidade. "Apenas microorganismos conseguem sobreviver com níveis tão altos de salinidade",destaca Aloisi.

Na parte ocidental,a queda no nível do mar provavelmente formou uma "ponte terrestre" ligando a África à Europa. Além disso,o nível reduzido permitiu a colonização das Baleares por mamíferos oriundos do continente,como cabras,roedores e coelhos,conforme demonstram estudos anteriores.

O nível mais baixo também alterou a circulação atmosférica na região mediterrânea e pode ter aumentado a atividade vulcânica.

Marinha brasileira resgata seis argelinos de embarcação à deriva no Mar Mediterrâneo

1 de 6


Marinha brasileira resgata seis argelinos de embarcação à deriva no Mar Mediterrâneo — Foto: Marinha do Brasil

2 de 6


Grupo pretendia ir para a Espanha e pediu socorro ao Navio-Escola 'Brasil' — Foto: Marinha do Brasil

Pular

X de 6


Publicidade 6 fotos

3 de 6


Ele navegava entre Civitavecchia,na Itália,e Lisboa,em Portugal — Foto: Marinha do Brasil

4 de 6


Equipe forneceu alimentos para argelinos resgatados — Foto: Marinha do Brasil

Pular

X de 6


Publicidade

5 de 6


Resgate aconteceu durante a madrugada — Foto: Marinha do Brasil

6 de 6


Mapa mostra região onde grupo foi encontrado — Foto: Marinha do Brasil

Pular

X de 6


Publicidade Grupo pretendia ir para a Espanha e pediu socorro ao Navio-Escola 'Brasil',que navegava entre Civitavecchia,em Portugal

"Os 70% do volume do Mediterrâneo representam uma massa de água enorme,que exerce pressão sobre a litosfera",explica o pesquisador.

Com a queda no nível do mar,essa pressão é aliviada,facilitando a formação de magma e sua migração para a superfície,o que aumenta a probabilidade de erupções vulcânicas.