Yasmin Gomlevsky vive influenciadora digital às voltas com questões existenciais em ‘Deus pelo avesso’

Yasmin Gomlevsky — Foto: Divulgação / Mariana Godois

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GERADO EM: 17/11/2024 - 20:38

Estreia teatral de Yasmin Gomlevsky: "Deus pelo Avesso"

A influenciadora digital Yasmin Gomlevsky estreia como diretora em "Deus pelo avesso",abordando questões existenciais. A peça traz reflexões sobre busca de sentido,validação externa e mudanças pós-pandemia,com elenco numeroso em um cenário vivo. Com elementos de realismo fantástico,a obra propõe uma jornada de autoconhecimento e colaboração,refletindo as inquietações de uma artista multifacetada.

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Lá pelas tantas,o olho no olho com a plateia,Laika,personagem central da peça “Deus pelo avesso”,faz o seguinte questionamento: “A vida está passando ao longe,sem sequer ser tocada pelos seus dedos. É isso que você quer? Ir embora assim?”. Na trama,Laika — nome que brinca com os altos e baixos,mas também com o nomadismo de alguém que está sempre em movimento,“lá e cá” — é uma influenciadora que abandona tudo para buscar um sentido da vida.

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— Ela se vê consumida pelo desejo de reconhecimento,de fama — diz ao GLOBO a artista carioca Yasmin Gomlevsky,31 anos,que interpreta Laika e assina dramaturgia e direção de “Deus pelo avesso”. Nesta quarta-feira,20,a peça chega na segunda de um total de cinco sessões na Sede da Companhia dos Atores,na Lapa.— Representa algo que eu,como artista,também já senti e ainda sinto,algo que meus amigos sentem. Essa necessidade de uma validação externa,de um aval,de uma aprovação. E ela abre mão de tudo isso para procurar um sentido da existência,sai por aí descobrindo novas coisas,novas maneiras de se relacionar com a vida.

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Ancorada no gênero do realismo fantástico,“Deus pelo avesso” é a estreia de Yasmin como diretora. Ela escreveu o texto ao longo do ano passado,influenciada por uma passagem por São Paulo,onde esteve em cartaz com “Los Hermanos — Musical pré-fabricado”,de Michel Melamed,do qual fazia parte do elenco. Conta que estava passando por “várias questões de amadurecimento,transformações internas e reflexões em relação a sua carreira”.

— O pós-pandemia me influenciou também,me fez pensar nessa nova forma de ter que olhar para a vida e para o fluxo de trabalho. Formas com as quais eu venho repensando minha carreira no sentido de ganhar autonomia,de não esperar convites.

Parece um monólogo,mas não é: são 26 atores no palco,contando com a protagonista. O elenco numeroso é fruto de uma oficina de atuação que ela liderou e acabou se encaixando com o texto que estava na gaveta. No palco,atores e atrizes de diferentes idades se revezam na pele de personagens que orbitam esta Laika em meio a uma jornada de autoconhecimento,como uma psicóloga,uma bruxa vidente,ou mesmo vozes de uma consciência atormentada por questões contemporâneas que poderiam acometer qualquer um de nós. E tem bem mais.

Corpos cenográficos

A trupe no palco também funciona como um grande organismo vivo,que ora se presta como cenografia — são cadeiras,mesas,árvores — e ora atua como um grande balé impressionista. Para codirigir a peça,uma correalização do É Coletivo e da Caosfera,Yasmin chamou a paulistana Renata Imbriani. Valéria Alencar e Vitor Thiré (assistência de direção),Yasmim Lira (iluminação),Gisele Carvalho (figurino) e Vanessa de Oliveira (cocriação executiva) completam parte da equipe.

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— Foi muito desafiador pra mim,particularmente,porque eu nunca estive dentro e fora do cenário ao mesmo tempo,né? É a minha primeira direção,então convidei a Renata pra me dirigir,enquanto eu dirigia os atores. Separei o ensaio em dois,uma vez por semana tinha o ensaio com o elenco inteiro,e três vezes por semana,em outro lugar,em outro horário,tinha o meu ensaio individual — diz a atriz.

Yasmin Gomlevsky tem 16 anos de carreira como atriz,mas se define como uma artista multilinguagem. Também é escritora — publicou seu “Fogo frio”,livro que depois adaptou para o teatro —e cantora. Protagonizou peças como “Um Tartufo” e “O diário de Anne Frank”,e atuou em musicais como “Beijo no asfalto”,“Cazuza”,“Rock in Rio”. Também trabalhou na televisão,em novelas como “Bom Sucesso” e “Malhação – Sonhos”. É,ainda,taróloga. Costuma carregar para seus projetos questões filosófico-espirituais,preocupações de uma artista antenada com seu tempo.

— A peça oferece caminhos para se pensar de um outro lugar. Um papo sobre mudança de valores,paradigmas,de sair da guerra,da briga,do baile dos egos cruéis,e entrar num lugar de colaboração,de amor-próprio e de amor incondicional pela humanidade — conclui.