Numa altura em que se aproxima o milésimo dia da guerra na Ucrânia,em que as tensões no Médio Oriente persistem e em que a Presidência dos Estados Unidos muda,o executivo comunitário apresenta na sexta-feira pelas 10h30 (hora local,menos uma em Lisboa) as projeções relativamente ao crescimento económico da zona euro e da União Europeia.
Apesar de o Produto Interno Bruto (PIB) ter tido melhor desempenho do que o previsto no terceiro trimestre,de os números do emprego estarem em máximos históricos e de a inflação ter vindo a baixar,a Comissão Europeia vai manter a cautela,devendo,então,voltar a prever um crescimento 'contido' precisamente devido ao contexto geopolítico,que pressiona os preços da energia e as cadeias mundiais.
Isso mesmo antecipou o comissário europeu da Economia,Paolo Gentiloni,que no início do mês indicou que a instituição terá em conta as tensões geopolíticas e incerteza no consumo nas previsões macroeconómicas de outono.
"A economia da zona euro mantém-se numa trajetória de crescimento moderado. [...] Os números do terceiro trimestre foram melhores do que o previsto,especialmente para países como a Alemanha,a França e a Espanha,mas o crescimento mantém-se globalmente baixo",disse,na altura,o responsável europeu pela tutela.
O responsável recordou que "os últimos dados relativos ao emprego são igualmente positivos,com os mercados de trabalho a manterem-se historicamente fortes,e que a inflação aumentou ligeiramente,sem se esperar "um desvio substancial da trajetória" de redução.
"No entanto,as tensões geopolíticas e a incerteza pesam sobre o consumo,o investimento e o sentimento empresarial. A volatilidade dos preços da energia aumentou nas últimas semanas e a dinâmica do crescimento global e do comércio tem sido fraca",contextualizou ainda Paolo Gentiloni.
No final de outubro,o Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em baixa as estimativas sobre o crescimento da economia da zona euro,para 0,8% este ano e 1,2% no próximo.
Quanto a Portugal,o FMI estimou que a economia portuguesa cresça 1,9% este ano e 2,3% em 2025,projeções mais otimistas do que as do Governo português.
Nas anteriores previsões económicas da Comissão Europeia,as de primavera divulgadas em maio passado,a instituição estimou para a zona euro um crescimento de 0,8% do PIB este ano e de 1,4% em 2025,o que compara com uma anterior projeção,de inverno publicada em fevereiro,de 0,8% do PIB este ano e 1,5% do PIB em 2025.
Para Portugal,nas projeções de primavera publicadas em maio,Bruxelas previu um crescimento económico de 1,7% este ano e 1,9% no próximo,taxas acima da média da zona euro e impulsionadas pelo consumo privado e pelo investimento.
Já nas estimativas de inverno,divulgadas em fevereiro passado,Bruxelas havia previsto que o PIB português crescesse 1,2% em 2024 e 1,8% em 2025.
A Comissão publica todos os anos duas previsões macroeconómicas completas,no outono e na primavera,e uma atualização do crescimento e da inflação no inverno.