Atentado a bomba é banho de água fria em plano de Bolsonaro para reverter sua inelegibilidade

O ex-presidente Jair Bolsonaro no Senado — Foto: Brenno Carvalho

A animação que Jair Bolsonaro passou a externar sobre uma eventual reversão de sua inelegibilidade,após a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos,não demorou a sofrer um revés.

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O atentado a bombas planejado por Francisco Wanderley Luiz,que acabou morto na tentativa frustrada de atacar o Supremo Tribunal Federal (STF),é visto por magistrados como mais um fator que enterra de vez qualquer possibilidade do plano se concretizar. Apesar de ser cogitada e alardeada pelo ex-presidente,integrantes do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sempre foram categóricos em dizer que a suspensão da inelegibilidade de Bolsonaro não tem chance alguma de avançar.

A avaliação feita por uma ala de magistrados à coluna é que a condenação do ex-presidente por crimes eleitorais já está provada,sacramentada e não há motivos para revertê-la. Eles apontam que o atentado contra a corte não tem influência sobre esse fato,mas admitem que o episódio torna inviável qualquer debate sobre esse tema.

A leitura é que ataques às instituições,como o da última quarta-feira,feitos por militantes da extrema-direita,dificultam ainda mais uma mudança de cenário a favor de Bolsonaro,inclusive na Justiça criminal. Integrantes do STF deixam evidente que consideram o discurso de ódio contra o tribunal difundido pelo ex-presidente e seus aliados tem papel importante no estímulo a ataques como o ocorrido nesta semana.

O debate no Congresso Nacional do projeto de anistia aos envolvidos no 8 de janeiro,que poderia incluir uma brecha para tornar Bolsonaro elegível,também ficou prejudicado com as explosões na Praça dos Três Poderes. Como informou a coluna,pouco depois de Wanderley Luiz lançar duas bombas contra o STF,deputados do PL,partido do ex-presidente,já calculavam as dificuldades na tramitação do projeto.

Nesta quinta-feira,após novos fatos virem à tona,o ministro Alexandre de Moraes falou publicamente contra a anistia,defendeu a punição aos envolvidos no 8 de janeiro e mencionou o papel do “gabinete do ódio” na origem dos ataques.

— O que aconteceu ontem não é um fato isolado do contexto. (...) mas o contexto se iniciou lá atrás,quando o 'gabinete do ódio' começou a destilar discurso de ódio contra as instituições,contra o STF,principalmente contra a autonomia do Judiciário — afirmou Moraes. Ele era o principal alvo do ataque desta semana,como mostrou a Polícia Federal.