Barricadas do crime: PM removeu mais de 5.700 barreiras este ano; conheça o 'kit de demolição' da polícia

Trator contra o crime: PM ganha nova ‘tropa de elite’ para destruir barricadas em ruas do Rio — Foto: Gabriel de Paiva

Entre janeiro e setembro deste ano,a Polícia Militar removeu 5.709 barricadas colocadas na entrada de em territórios dominados pelo tráfico e pela milícia no Estado do Rio. O número está 50% acima das remoções de barreiras no mesmo período de 2023,quando foram retirados 3.804 bloqueios. Para dar conta das demolições,a corporação usa,desde 2022,cinco "kits de demolição" das barreiras do crime.

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Neste domingo,o GLOBO mostrou que pelo menos 40 barricadas já aparecem listadas no Google Maps — serviço da gigante de buscas usado como instrumento de geolocalização e aplicativo de trânsito — em marcações feitas por internautas. Alguns são classificados como "marco histórico","marco cultural" ou "atração turística".

Barricada na Rua Curuira,em Vicente de Carvalho,aparece como "marco cultural" no Google Maps — Foto: Reprodução

Em nota,o Google afirmou que "as contribuições dos usuários ajudam as pessoas a tomarem decisões com mais confiança sobre aonde ir e o que fazer em um mundo em constante mudança seja atualizando o horário de funcionamento do restaurante da vizinhança ou adicionando uma estrada recém-inaugurada ao Google Maps". A empresa ressaltou ainda que possui políticas sobre o que pode ser adicionado à plataforma,ressaltando que "qualquer pessoa pode denunciar avaliações,locais enganosos e conteúdo inapropriado".

A região do Complexo de Israel,uma das áreas com barricadas que aparecem no Maps,é justamente a que,na semana passada,esteve no centro do confronto que deixou três mortos,espalhou caos pelo Rio e interditou a Avenida Brasil. A polícia sustenta que traficantes chefiados por Álvaro Malaquias Santa Rosa,o Peixão,atiraram deliberadamente em veículos que passavam pela via,numa ação que o governador Cláudio Castro chamou de “ato de terrorismo”. Na área controlada pelo bando,uma das táticas dos criminosos é abrir grandes valas que atravessam as ruas para impedir o tráfego de veículos. Numa operação no último dia 10 de outubro,um blindado da polícia chegou a encalhar num desses fossos,em Vigário Geral.

Retroescavadeira

O Bope faz uso de retroescavadeiras desde 2007,época da criação da Unidade de Engenharia de Demolição e Transporte do batalhão,mas o comando da Polícia Militar comprou,em 2022,cinco “kits demolição”,conjuntos formados por uma retroescavadeira,um veículo-prancha de transporte do maquinário e um caminhão basculante para a retirada do entulho. O investimento da Secretaria de Estado da Polícia Militar foi de R$ 11 milhões,provenientes do estado e da União.

Para o serviço específico de demolição de barreiras,a PM criou o Núcleo de Apoio às Operações Especiais (Naoe),responsável por maquinário e treinamento dos policias na nova função. Os “kits” são usados principalmente na capital,na Baixada Fluminense e em São Gonçalo. O Naoe é subordinado ao Comando de Operações Especiais (COE): os operadores só entram em ação depois que o território é estabilizado pelos grupos táticos.