As derrotas de Lula e Bolsonaro em 2024 e o que isso significa para a sucessão de 2026

Tarcísio,Lula e Bolsonaro: personagens em 2026 — Foto: Ricardo Stuckert// Natanael Alves/PL

O resultado de eleição municipal não determina o que serão as eleições gerais dois anos depois,sabemos todos. Mas é impossível analisar o cenário de 2026 ignorando o que se passou nas disputas Brasil afora deste ano.

Antes de mais nada,os dois maiores líderes políticos do país foram derrotados. Lula e Jair Bolsonaro saíram menores. Vista de hoje,virou pó a afirmação feita por Lula,em dezembro passado,sobre quem seriam os protagonistas da eleição de 2024: “Eu acho que vai ser outra vez Lula e Bolsonaro disputando essas eleições”. A previsão não se concretizou.

O presidente não foi um grande eleitor. Ao contrário,preferiu não cair de cabeça nas disputas. Evitou se expor. Num misto de medo e prudência,buscou se preservar. Já o ex-presidente sabe,depois do processo eleitoral que terminou neste domingo,que a direita não é mais propriedade dele.

Lula,que completou 79 anos no dia da eleição e recebeu de presente das urnas uma sonora derrota,tem pouco mais de um ano para decidir se disputa a reeleição. Ou se começa a preparar um candidato para apoiar. O comportamento da economia em 2025 é uma das variáveis importantes,mas não a única. Ninguém é capaz de cravar com certeza o que Lula fará. A essa altura,nem ele sabe,embora seja hoje o único político à esquerda com envergadura para um triunfo eleitoral num Brasil cada vez mais conservador.

O presidente tem alguns desafios urgentes pela frente. No front partidário,terá que pacificar o PT,que vive um início de luta interna. Precisa também tentar modernizá-lo. O partido,só para ficar num exemplo,até hoje carece de uma estratégia digital para lidar com as redes sociais. Mais grave,no entanto,é o discurso envelhecido do PT,que não se conecta mais como em décadas passadas com a periferia e com os jovens. No front do governo,Lula terá que definir se faz uma reforma ministerial que dê mais espaço ao centro e a partidos de centro-direita.

A situação de Bolsonaro é ainda mais complicada. Não está apenas está inelegível. Terá também que lidar em breve com um indiciamento pela PF no inquérito que apura a tentativa de golpe de estado. Pior: a eleição deste ano o destronou inapelavelmente do posto de comandante-em-chefe da direita brasileira.

Foi derrotado por Ronaldo Caiado com quem tentou medir forças em Goiás. Viu emergir no cenário Pablo Marçal,um sujeito ainda mais histriônico do que ele,que o desafiou e virou um personagem nacional disputando parte do eleitorado antes cativo do capitão. Como se não bastasse,deixou Tarcísio de Freitas ser o grande padrinho da vitória de Ricardo Nunes em São Paulo. Tarcísio é hoje o candidato preferido do establishment para disputar a presidência daqui a dois anos.