"Não houve uma solicitação formal de um programa com o FMI,mas continuamos basicamente a manter um diálogo muito próximo com as autoridades desde o final do programa de 2021 em duas modalidades: aconselhamento sobre políticas económicas e assistência técnica e capacitação",disse Victor Duarte Lledo em declarações à Lusa à margem dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial,que terminaram no sábado em Washington.
"Esse tipo de notas e aconselhamento são muito comuns,são relatórios e notas específicas que passamos a pedido das autoridades,do governo e das autoridades monetárias",disse o economista brasileiro.
Questionado sobre se o anúncio do pedido de uma nota técnica sobre as opções de financiamento,confirmado à Lusa pela ministra das Finanças de Angola na semana passada,não é um primeiro passo para um programa de ajuda financeira respondeu: "Temos tido um envolvimento muito forte de assistência técnica e capacitação,Angola é um dos maiores recipientes de assistência técnica na África subsaariana e temos várias missões para reforçar as capacidades técnicas das instituições,focadas principalmente nas políticas fiscal,monetária e financeira".
"Estamos a preparar uma missão no âmbito do Artigo IV [análise anual do FMI à economia de um país-membro],no início de dezembro,e é aí que faremos a avaliação das políticas e reformas do último ano,e do que as autoridades estão a prever implementar no ano seguinte,e divulgaremos as conclusões em fevereiro ou março de 2025",acrescentou.
Na quinta-feira,a agência de informação financeira Bloomberg noticiou que Angola estava em negociações com o FMI para um novo programa de assistência financeira,citando a ministra das Finanças,Vera Daves.
"Estamos em negociações,até temos uma nota com as opções",disse a governante,acrescentando que,"depois da avaliação técnica,a discussão será política".
Depois,em declarações à Lusa,afirmou: "O que pedimos ao FMI foi uma nota com opções sobre aquilo que poderia ser um programa,e o que estamos a fazer é analisar internamente no Ministério das Finanças; não iniciámos qualquer tipo de negociação,pedimos informação e estamos a analisá-la,mas ainda não tivemos oportunidade de discutir a outros níveis,dentro do governo,é mesmo um trabalho técnico interno do Ministério".
"Havendo um 'gap' de financiamento,que geralmente temos e vamos buscar a diferentes fontes,as instituições multilaterais,pelas condições financeiras que trazem consigo,são sempre uma boa opção a considerar",disse ainda.
Questionada sobre se anunciar que foi pedido ao FMI para elaborar uma nota sobre opções de programas de ajustamento financeiro não é um primeiro passo para a existência de um programa,a ministra respondeu que "pode dizer-se que sim",mas insistiu que "o tema não foi discutido politicamente,está a nível técnico para ter todas as opções em cima da mesa".