Elefantes Kuky,à direita,e Puppy,à esquerda,em Buenos Aires — Foto: Reprodução La Nacion
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 23/10/2024 - 04:01
"Tragédia de Elefanta Kuky expõe burocracia e atrasos na transferência para santuário no Brasil"
Elefanta Kuky morre em cativeiro na Argentina após longa espera por transferência para santuário no Brasil. Processo marcado por burocracia e atrasos,revelando a triste realidade de animais em cativeiro. Transferência de elefantes ressalta a importância dos santuários e da proteção do habitat natural.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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As autorizações para que as elefantas Kuky e Puppy,do ecoparque de Buenos Aires,e Kenya,do ecoparque de Mendoza,saíssem da Argentina e fossem ao Brasil para passar o resto da vida no Santuário dos Elefantes,na Chapada dos Guimarães (MT),foram concedidas e chegaram à Argentina nesta segunda-feira,depois de um processo atrasado que ultrapassou dois anos. Mas,no dia seguinte,Kuky – que entrou no antigo zoológico da capital portenha em 1990 – morreu.
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Às 3 horas da manhã,agentes que estavam de guarda na propriedade de Palermo ouviram sons de Puppy e correram em direção ao recinto que as duas elefantas compartilhavam. Kuky estava caída. Durante três horas fizeram todo o possível para levantá-la,mas as tentativas foram em vão. Poucos minutos antes de o caminhão de reboque chamado com urgência chegar do ecoparque,Kuky teve um ataque cardíaco fulminante. Nada poderia ser feito.
A desolação é infinita para cuidadores,formadores,funcionários e todos aqueles que trabalharam incansavelmente para que elas pudessem ser transferidas para o Brasil e terem uma vida mais parecida com a que sempre deveriam ter tido,caminhando pelo menos dez quilômetros por dia.
As africanas Kuky e Puppy,ambas na casa dos 30 anos,chegaram do Parque Kruger,na África do Sul. Isso é tudo o que se sabe sobre sua vida anterior. Elas eram inseparáveis. Kuky,que era maior,era conhecida por bater na roda com a qual brincava: ela nunca poderia se retirar para descansar se a roda não estivesse parada. Ela poderia levar o tempo que precisasse para alcançá-la. Puppy a obedecia e a adorava. Mansas e calmas,as duas eram queridas por todos os funcionários do ecoparque.
Qual foi a razão pela qual Kuky,Puppy e Kenya terem que esperar mais de dois anos para poder viver com dignidade e,no caso de Kuky,não mais conseguir isso? A enorme burocracia necessária para cada transferência é infinita. E os tempos são lentos.
No caso dos quatro elefantes que permanecem na Argentina – o quarto é Tamy,um macho que vive no ecoparque de Mendoza – é ainda mais. O governo anterior,com as eleições,não deu as licenças para que pudessem percorrer os milhares de quilômetros por terra até o Brasil. E o Brasil também não aceitou a entrada dos elefantes.
Nos últimos meses,a intervenção pessoal da Secretária-Geral da Presidência,Karina Milei,conhecida amante dos animais,somada à do Secretário do Meio Ambiente,Daniel Scioli,e dos embaixadores da Argentina e do Brasil,rapidamente facilitou o que havia sido feito impossível por mais de dois anos.
"Na Fondation Franz Weber,trabalhamos há anos em conjunto com o ecoparque para facilitar e garantir a obtenção de todas as licenças necessárias para autorizar a transferência dos últimos elefantes cativos da Argentina para o Santuário de Elefantes do Brasil. Infelizmente,o processo de transferência de Kuki começou há mais de 27 meses e,apesar disso,foi somente nas últimas semanas que as autorizações exigidas para entrada no Brasil,emitidas por esse país,começaram a ser fornecidas",lamentou Tom Sciolla,diretor do Santuário Equidad.
Sciolla disse ser "devastador saber que Kuky tinha muitas décadas de vida pela frente" e que estava prestes a ser transferida para o santuário.
"Agora só nos resta continuar trabalhando para Puppy e o resto dos elefantes em cativeiro. A ciência já demonstrou que não conseguem sobreviver ao cativeiro e que a única alternativa viável são os santuários e a proteção do seu habitat natural. Espero sinceramente que este desfecho trágico sirva de lição para acelerar as autorizações burocráticas e entender que estamos falando de vidas,de seres que não são móveis em armazéns à espera de um certificado de exportação",destacou ele.