Maquiagem mais inclusiva: aumento de tons de base para a pele negra — Foto: GettyImages
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 21/10/2024 - 04:30
"Desafios na Inclusão de Tons para Pele Negra no Mercado de Maquiagem"
Marcas ampliam tons para pele negra,mas especialistas apontam necessidade de avanços. Inclusão crescente,porém desafios persistem. Reflexão sobre racismo cosmético e importância da diversidade no mercado de maquiagem. Rihanna e Fenty marcam referência. Ainda há muito a ser feito para abranger a variedade de tons e subtons da pele negra no Brasil.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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"Isso é incrível.” Camila Anac,beauty artist requisitada no mundo da moda e por beldades como a atriz Taís Araujo,solta a frase com entusiasmo ao falar sobre a multiplicação de bases para pele negra disponíveis atualmente no Brasil. Além das estrangeiras,marcas nacionais também ampliaram a cartela. Basta uma olhada em portfólios com nada menos do que 10 tons escuros,de Lancôme a Avon,para comprovar. “Uma década atrás,M.A.C. era praticamente a única. Era um luxo para poucos. Hoje,o acesso colabora com a autoestima”,diz Camila.
A beauty artist Camila Anac — Foto: Reprodução do Instagram
A empolgação em torno do tema vem carregada de experiências de profunda frustração: boa parte da população — de acordo com o IBGE,56% dos brasileiros declaram-se negros — não se sentia inserida nos produtos do mercado. O que o jornalista,maquiador e criador de conteúdo Tássio Santos esclarece ser racismo cosmético. Há 12 anos,ele criou o perfil “Herdeira da Beleza” para expor suas dores. Recentemente,com 260 mil seguidores,lançou o livro “Tem minha cor?” (Editora Telha),com uma reflexão sobre a falta de inclusão na indústria da beleza. “Herdamos do período colonial o costume de impedir acessos de pessoas negras. Infelizmente,constato que o mercado de maquiagem é só mais um desses lugares.”
No início do ano,a pauta viralizou nas redes mundiais com um vídeo da influenciadora americana Golloria testando uma base para pele retinta,que deixava o rosto pintado de tinta preta. “Eles sabiam exatamente o que estavam fazendo. Não foi um erro”,criticou no post,referindo-se à marca Youthforia.
O criador de conteúdo e escritor Tássio Santos — Foto: Reprodução do Instagram
Além de fixação,a fórmula precisa conter um balanço ideal de pigmentos. A falta dele pode deixar o rosto acinzentado,queixa bem comum. “A pele tem tons e subtons. Há negro escuro avermelhado,claro amarelo esverdeado,por aí vai...”,explica Camila Anac. “Uma linha com uma ou duas opções de base para a pele negra não abrange toda essa variedade.”
Quem acompanha o assunto é unânime ao apontar Rihanna e sua Fenty como um marco “antes e depois” nessa história. A marca,criada em 2017 pela superestrela americana,lançou nada menos do que 40 tons de base (atualmente são 50). Soube fazer barulho e instigar outras empresas a seguirem o exemplo. Entre as nacionais,Bruna Tavares é uma das que tem mais diversidade,com 30 cores de base. “Invisto em consultoria para testar e chegar ao produto ideal e trazer a credibilidade que eu,mulher branca,não tenho”,diz Bruna.
Sem querer desanimar a festa,Tássio reforça que ainda há muito a melhorar. “Não é só de base que a gente precisa. É do portfólio completo”,diz. E cutuca: “Maquiagem para pele brasileira é,necessariamente,maquiagem para pele negra”.