Efeito cadeirada: com agressividade em alta em SP, aumenta a tensão dos mediadores de debates

Datena atinge Marçal durante debate na TV Cultura — Foto: Reprodução

RESUMO

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GERADO EM: 20/09/2024 - 03:30

Debates Eleitorais em SP: Agressividade Preocupa Mediadores

A agressividade em debates eleitorais em São Paulo preocupa mediadores. Estratégias inéditas são adotadas,como seguranças para conter candidatos. Reencontro de postulantes promove tensão. Novo formato é necessário para lidar com confrontos e desinformação. Medidas mais rígidas são aplicadas,mas desafios persistem. Posturas dos candidatos são fundamentais para evitar abusos.

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A agressividade dos debates da eleição de São Paulo tem feito os mediadores e veículos de comunicação utilizarem estratégias inéditas para controlar os ânimos,inclusive com o uso de seguranças para conter os candidatos,algo nunca visto em pleitos anteriores.

Hoje,os candidatos à prefeitura de São Paulo terão novo debate,organizado pelo SBT em parceria com o portal Terra e a Rádio Nova Brasil. A tensão que se seguiu à cadeirada de José Luiz Datena (PSDB) em Pablo Marçal (PRTB) no encontro da TV Cultura,no último domingo,foi encorpada por alguns detalhes nas regras e do sorteio pré-evento,conforme noticiou o blog de Malu Gaspar.

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Datena e Marçal ficarão bem próximos no estúdio da emissora de TV em Osasco — a ordem dos candidatos foi definida por sorteio. Entre o tucano e o ex-coach,estará apenas Guilherme Boulos (PSOL). A disposição das cadeiras chamou a atenção dos integrantes das campanhas,que passaram a temer pela proximidade entre eles.

Os candidatos serão separados em trios,um de cada lado do mediador,o jornalista Cesar Filho. Além dos três,estarão o prefeito Ricardo Nunes (MDB),Tabata Amaral (PSB) e Marina Helena (Novo).

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Seguranças em frente ao púlpito de cada candidato no debate da RedeTV/UOL — Foto: Imagem cedida à coluna

Reinvenção do modelo

Os mediadores dos primeiros debates da corrida paulistana avaliam que o formato precisa ser reinventado para se adequar às atuais estratégias políticas.

Para Denise Campos de Toledo,apresentadora da TV Gazeta que mediou o debate do último dia 1º,a “lavação de roupa suja” típica de influenciadores digitais invadiu os debates televisionados,com confrontos marcados por afirmações imprecisas ou mentirosas. Ela defende que o modelo precisa de mais checagem de informação ao vivo — como aconteceu,de forma bem sucedida,no debate entre Donald Trump e Kamala Harris,nos EUA.

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— Essa agressividade vem das redes sociais. A briga pública está banalizada. Quem está coordenando tem que aumentar o tom desde o início — afirma.

Debate da TV Cultura entre candidatos à prefeitura de São Paulo. Na ordem: Guilherme Boulos (PSOL),José Luiz Datena (PSDB),Marina Helena (Novo),Pablo Marçal (PRTB),Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB) — Foto: Reprodução/YouTube

Denise lembra que,em certo momento do debate,Datena saiu do púlpito e ameaçou agredir Pablo Marçal. A mediadora precisou ameaçar o candidato tucano,avisando que chamaria os seguranças.

— Eles têm uma raiva entre eles,se xingam nos intervalos,não se cumprimentam na chegada. Teve candidato que ameaçou ir embora em um dos intervalos.

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O debate da Gazeta inaugurou regras mais rígidas,como a proibição de plateia,o limite de assessores no estúdio e o posicionamento de um segurança por campanha presente. Normas parecidas foram aplicadas pela TV Cultura,no dia 15,acrescidas de maiores restrições para perguntas e respostas. Mas o encontro acabou marcado pela cadeirada de Datena em Marçal.

Pablo Marçal no debate da Band: provocação como principal método — Foto: Edilson Dantas

Essa situação mais extrema recaiu sobre o jornalista Leão Serva,mediador do debate. Ele precisou chamar os comerciais,enquanto a organização tomava decisões,como a retirada de Datena — Marçal se dirigiu ao hospital. Serva acredita que é preciso fazer um pente fino nas regras de debates,levando em conta o interesse público:

— Não se pode aceitar o inaceitável. Agressões à moda de Trump e seus epígonos devem ser vetadas. Candidatos com comportamento tóxico devem ser vetados. E,no limite,não se realiza o debate — afirma.

‘Precisei gritar’

No debate seguinte,da RedeTV! e do UOL,a organização tomou medidas mais drásticas,como parafusar as cadeiras no chão do estúdio e colocar seguranças no palco nos intervalos,em frente ao púlpito de cada candidato. A mediadora,Amanda Klein,conta que buscou se posicionar como “interventora”,interrompendo os candidatos para alertá-los sobre o uso de apelidos e linguagens inadequadas. Ainda assim,Marçal usou apelidos jocosos diversas vezes,gerando mal estar.

— Precisei gritar para controlá-los. Aparentemente,esse é o novo normal — diz Klein

Amanda Klein: apresentadora teve de gritar para interromper discussão entre Nunes e Marçal — Foto: Maria Isabel Oliveira

Para o apresentador da Band,Eduardo Oinegue,mediador do primeiro debate,mais do que novas regras restritivas seria preferível que os candidatos readequassem suas posturas.

— Você pode fazer a melhor regra do mundo: a regra não impede abusos. Tem de ser algo que parta da boa vontade dos candidatos.

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