Cientistas descobrem por que elefantes ameaçados de extinção morreram subitamente em Botsuana — Foto: AFP
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 17/09/2024 - 04:30
Zimbábue e Namíbia abatem elefantes para alimentação em meio à seca
Zimbábue e Namíbia abatem elefantes para alimentar população em meio à seca. O Zimbábue autoriza caça de 200 elefantes devido à superpopulação e conflitos com humanos. Medida segue exemplo da Namíbia,mas é criticada por ativistas e conservacionistas. A escassez de recursos e a seca causam impacto na região,levando autoridades a declararem estado de emergência. Controvérsia surge entre a necessidade de alimentar a população e a preservação da vida selvagem.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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O Zimbábue autorizou o abate em massa de elefantes para alimentar cidadãos afetados pela pior seca do país em décadas,disse Tinashe Farawo,porta-voz da Autoridade de Parques e Vida Selvagem do país (ZimParks),à CNN na segunda-feira. A decisão segue o exemplo da Namíbia,que também abateu elefantes e outros animais selvagens para aliviar a insegurança alimentar causada pela seca prolongada,e é anunciada apesar das críticas de ativistas pelos direitos dos animais.
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Na semana passada,a ministra do Meio Ambiente do Zimbábue,Sithembiso Nyoni,disse que o país tem “mais elefantes do que precisa”. Com cerca de 100 mil elefantes,o Zimbábue abriga a segunda maior população desses animais no mundo,atrás apenas de Botsuana. Na mesma declaração,Nyoni afirmou que a superpopulação de elefantes “causa falta de recursos” para sua subsistência,o que agrava o conflito entre humanos e animais selvagens no país. Ao todo,200 elefantes devem ser caçados em áreas onde houve conflitos com humanos,incluindo Hwange,a maior reserva natural da região.
— Estamos discutindo com o ZimParks e algumas comunidades para fazer como a Namíbia,de modo que possamos abater os elefantes,mobilizar as mulheres para talvez secar a carne,embalá-la e garantir que ela chegue às comunidades que precisam de proteína — disse. — Quando há superpopulação de animais selvagens num parque específico,eles tendem a sair do local em busca de outros recursos,como água ou vegetação. Quando isso acontece,eles entram em contato com os humanos,e os conflitos começam — acrescentou.
Devido aos esforços de conservação,Hwange é lar de 65 mil elefantes,mais de quatro vezes sua capacidade,de acordo com o ZimParks. Na Namíbia,700 animais selvagens,incluindo elefantes,foram aprovados para abate no mês passado,com a carne sendo distribuída para pessoas em situação de insegurança alimentar,publicou a CNN. No total,mais de 160 animais já foram abatidos no país,incluindo 83 elefantes,com mais de 56 mil quilos de carne distribuídos para lidar com sua pior seca em décadas. Caso a medida siga conforme o planejado,os elefantes serão abatidos no Zimbábue pela primeira vez desde 1988.
Estado de emergência
Zimbábue e Namíbia estão entre os vários países do sul da África que declararam estado de emergência por causa da seca causada pelo El Niño,um padrão climático natural que resultou em pouquíssima chuva na região desde o início do ano. Cerca de 42% dos zimbabuanos vivem na pobreza,segundo estimativas da ONU,e as autoridades dizem que por volta de 6 milhões de pessoas precisarão de ajuda alimentar durante o período de escassez,de novembro a março,quando os alimentos são mais escassos. Apesar disso,a decisão foi criticada por alguns,que citam que os animais são uma grande atração turística.
— O governo deve ter métodos mais sustentáveis e ecológicos para lidar com a seca sem afetar o turismo — disse Farai Maguwu,diretor do Centro de Governança de Recursos Naturais,uma organização sem fins lucrativos. — Eles correm o risco de afastar turistas por questões éticas. Os elefantes são mais lucrativos vivos do que mortos. [Do contrário],mostraremos que somos maus guardiões dos recursos naturais,e nosso apetite por riquezas ilícitas não tem limites.
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No X,Maguwu escreveu que “o abate de elefantes deve ser interrompido” porque os animais “têm o direito de existir” e “as gerações futuras têm o direito de vê-los em seu habitat natural”. A crítica foi seguida pela observação do biólogo conservacionista e consultor de recursos naturais Keith Lindsay,que declarou à CNN que a decisão “provavelmente” levará a uma “demanda regular e contínua por carne de caça,o que seria insustentável”. Farawo,contudo,reforçou que a decisão também faz parte das medidas para reduzir o conflito entre elefantes e humanos.
— Os animais estão causando muitos danos nas comunidades,matando pessoas. Na semana passada,perdemos uma mulher no norte do país que foi morta por um elefante. Na semana anterior,a mesma coisa aconteceu. Então o abate também é uma forma de controle — argumentou,acrescentando que pelo menos 31 pessoas morreram no Zimbábue este ano como resultado dos conflitos entre humanos e animais selvagens.
Chris Brown,conservacionista e CEO da Câmara de Meio Ambiente da Namíbia,disse que os elefantes causam um “efeito devastador no habitat se forem autorizados a crescer continuamente,exponencialmente”. Segundo ele,esses animais “realmente prejudicam os ecossistemas e habitats”,uma vez que provocam “um grande impacto sobre outras espécies que são menos icônicas e,portanto,importam menos aos olhos dos conservacionistas urbanos eurocêntricos de poltrona”. Brown declarou que “essas espécies importam tanto quanto os elefantes”.
(Com AFP)