Brasil apela a conciliação entre produção agrícola e sustentabilidade

O ministro da Agricultura do Brasil,Carlos Fávaro,disse que estes pontos constam de uma declaração que está a ser negociada e que será finalizada na sexta-feira,no final da reunião,que decorre numa zona rural de Mato Grosso,a principal região produtora de alimentos do Brasil.

 

"O desafio é muito grande,mas temos a capacidade e a vontade política de o enfrentar. Se esta grande delegação se unir em prol da produção alimentar e da sustentabilidade,daremos um primeiro grande passo para a mudança",afirmou o ministro brasileiro,durante a reunião que conta com a presença do ministro da Agricultura e Pescas de Portugal,José Manuel Fernandes.

A proposta de declaração,disse Fávaro aos jornalistas no final,contém "os próximos passos" que a agricultura mundial deve dar para ser mais inclusiva e cuidar dos grandes,médios e pequenos produtores,bem como das comunidades tradicionais,dos povos indígenas e do ambiente.

Fávaro garantiu que o Brasil aspira a liderar essa mudança pelo exemplo,com o uso de tecnologias e o cultivo de áreas degradadas,para evitar a destruição da floresta tropical para expandir as terras agrícolas.

Ainda assim,à margem da reunião,em declaração aos jornalistas,o Brasil deu à União Europeia um prazo até 01 de outubro para responder ao seu pedido de suspensão da aplicação do regulamento comunitário que restringe a importação de alimentos relacionados com a desflorestação.

"Demos à União Europeia um prazo até 01 de outubro para se pronunciar formalmente. Se não o fizerem,vamos procurar outros mecanismos para que essa implementação não aconteça unilateralmente",disse Carlos Fávaro.

O ministro brasileiro entregou na quarta-feira uma carta ao comissário europeu para a Agricultura e Desenvolvimento Rural,Januz Wojciechowski,pedindo a suspensão da lei 'anti-desmatamento' e "uma revisão da abordagem punitiva aos produtores".

"Para evitar um impacto nas nossas relações comerciais,solicitamos que a UE não implemente o regulamento a partir do final de 2024 e que reveja urgentemente a sua abordagem à questão",refere a carta.

O regulamento da UE,que foi aprovado em 2023 e entrará em vigor em dezembro,visa impedir que as importações da UE de certas mercadorias e derivados,como o óleo de palma,a carne de vaca,a soja,o café,a borracha,a madeira e o chocolate,causem desflorestação nos países exportadores.

A legislação estabelece que os exportadores de países terceiros que queiram colocar os seus produtos na UE tenham que cumprir uma série de procedimentos complexos de verificação para comprovar que a sua produção não provém de áreas desmatadas.

De acordo com o Governo brasileiro,a complexidade das exigências inviabiliza as exportações brasileiras,especialmente as de pequenos e médios produtores.