Cassino de Sanremo fica em Milão,na Itália — Foto: Divulgação
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 13/09/2024 - 04:30
Ilusão de Riqueza: Vícios em Jogos de Azar
Brasileiros buscam riqueza fácil nos jogos de azar,ignorando a vantagem da banca. Vícios em apostas,desde corridas de cavalos até cassinos,revelam a ilusão de enriquecimento sem esforço. Experiências pessoais destacam a busca por sorte sem sucesso,contrastando com o trabalho árduo como fonte real de ganhos.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Está provado: nem o álcool,nem o tabaco,nem a maconha,o maior vício dos brasileiros é o jogo. Antes era o jogo do bicho,depois vieram a febre da Loteria Esportiva,o boom da Bolsa de Valores,que se tornou um cassino nos anos 1970,o sonho óbvio da Mega Sena,e agora na apoteose final os sites de apostas on-line que movimentam R$ 100 bilhões por ano. O maior sonho dos brasileiros é ficar rico sem trabalhar nem estudar,graças ao acaso e à sorte e,de preferência,de uma vez só. Não por acaso se chamam “jogos de azar” — senão seriam “ jogos de sorte.”
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Todo mundo sabe que só quem ganha sempre em jogo é a banca,na maioria das vezes o próprio Estado,mas insistem na busca insana de ser a exceção. Alguns,quando acertam,acabam falindo,como no famoso caso do “Dudu da Loteca”,e houve outros que ganharam grandes prêmios e se tornaram alvo de sequestros e mortes. Uma criança em Brasília se tornou famosa quando ganhou sozinha um grande prêmio de Loteria Federal,mas quando cresceu,sem estudar nem trabalhar,se tornou um playboy passador de rodo e ... traficante de drogas,que já puxou duas temporadas na cadeia. Dinheiro não traz felicidade,diz Nizan Guanaes,felicidade é que traz dinheiro.
Dos meus 12 aos 15 anos fui completamente viciado em corridas de cavalos. Não faltava a uma reunião no Jockey Clube,sabia todas as estatísticas,as últimas performances,a filiação,estudava profundamente os páreos,matava aula para apostar e jogava até o dinheiro que minha mãe dava para o lanche na escola. Minha ambição era acertar o vencedor baseado em meus estudos e intuição,torcer desesperadamente na reta final,com o coração aos pulos,pedindo a adultos para jogarem por mim e para receberem,no caso dos raros acertos. Não queria ficar rico,gostava é da potência e beleza dos animais,do desafio de identificar os mais prováveis vencedores,e não me esqueço do cheiro de charuto na tribuna e da aparência patética de velhos turfistas,que passaram a vida empobrecendo no Jockey. Mas passou logo,pois logo surgiram vícios mais atraentes.
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A partir dos 20 anos adorava jogar em cassinos. Toda vez que ia a Lisboa,Mar del Plata,Veneza,Genebra,me afundava no pano verde. Mas com disciplina,levava no bolso o que tinha para perder e tentava fazer as emoções de cada bolinha na roleta durarem a noite inteira. Se saísse zerado,tudo bem,tinha me divertido durante quatro horas,se ganhasse alguma coisa ... voltaria no dia seguinte. O propósito não era quebrar a banca,mas me divertir o maior tempo possível,e,quem sabe,ganhar um troco para reforçar o orçamento da viagem. Nunca aconteceu,nunca acontece quando você precisa. Sorte também não haver cassinos no Brasil,pois não poderia responder pelos meus possíveis atos rsrs.
Nunca em minha vida ganhei nada a não ser trabalhando — nem em rifas,bicho,loterias,cavalos,concursos,raspadinhas,nada. Meu karma é ralar para ganhar. Ou como dizia meu pai,“dinheiro não se ganha,se arranca.”