A abertura indiscriminada de faculdades de Medicina e seus impactos na qualidade da formação

Estudantes de medicina — Foto: Freepik

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GERADO EM: 13/09/2024 - 04:30

"Qualidade em Medicina: Avaliações para formar profissionais competentes"

A abertura desenfreada de faculdades de Medicina preocupa sobre a formação de médicos competentes. A falta de qualidade,infraestrutura e supervisão compromete a capacidade dos profissionais em atender a população. A implementação de avaliações nacionais durante o curso pode garantir a competência dos futuros médicos e melhorar a qualidade do sistema de saúde.

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Nos últimos anos,o Brasil tem presenciado uma expansão acelerada no número de faculdades de medicina,principalmente no setor privado. Esse movimento,muitas vezes justificado pela necessidade de suprir a carência de médicos em determinadas regiões,tem gerado preocupações sobre a qualidade da formação desses novos profissionais e os impactos diretos na saúde pública. A abertura indiscriminada de cursos de medicina,sem o devido controle de qualidade,levanta questões críticas sobre a capacidade dessas instituições deformar médicos aptos a atender às demandas de uma população cada vez mais complexa e com diferentes perfis epidemiológicos.

Embora a intenção dessas políticas seja louvável,o crescimento desordenado e,muitas vezes,pouco regulado dessas faculdades trouxe à tona uma série de problemas. Entre eles,destaca-se a falta de infraestrutura adequada em muitas dessas instituições,que não dispõem de hospitais-escola,laboratórios bem equipados ou professores qualificados para ministrar as disciplinas teóricas e práticas necessárias para uma formação médica de excelência. Além disso,o aumento indiscriminado do número de vagas sem planejamento adequado pode resultar na saturação de estágios e campos de prática,limitando a exposição dos alunos a casos clínicos complexos e à experiência prática essencial para sua formação. Sem um acompanhamento adequado e a experiência real em hospitais e centros de saúde,a formação do médico pode se tornar deficiente,resultando em profissionais que,ao final do curso,não estão plenamente preparados para atuar de forma segura e eficaz.

A qualidade do médico formado é diretamente proporcional à qualidade da educação médica que recebe. Infelizmente,muitas das novas faculdades abertas nos últimos anos têm sido alvo de críticas quanto à capacidade de oferecer uma formação sólida. Instituições com corpo docente insuficiente,falta de estrutura para simulações e laboratórios mal equipados comprometem a aquisição de habilidades fundamentais para a prática médica. A ausência de experiências adequadas em ambientes hospitalares também prejudica a habilidade dos estudantes de lidar com a pressão,tomar decisões rápidas e atuar de maneira integrada em uma equipe de saúde.

Além disso,a ausência de uma formação humanística e ética,que deveria ser central na formação médica,muitas vezes é negligenciada. Isso gera médicos que,embora possam dominar os aspectos técnicos,carecem de empatia,capacidade de comunicação e sensibilidade para lidar com pacientes de forma integral. Essa lacuna pode ser fatal para um atendimento de qualidade,comprometendo a relação médico-paciente e os desfechos clínicos.

Diante desse cenário,torna-se essencial discutir a implementação de provas nacionais de avaliação da qualidade dos médicos. Essas provas seriadas durante o curso poderiam servir como uma barreira de qualidade,assegurando que apenas aqueles médicos que atingiram um nível mínimo de competência sejam autorizados a exercer a medicina. Além de avaliar conhecimentos teóricos,essas provas deveriam incluir componentes práticos e éticos,de modo a garantir que o profissional formado esteja apto a atender as necessidades da população. Esse tipo de avaliação poderia servir também como um indicador para o Ministério da Educação (MEC) tomar decisões sobre a continuidade ou encerramento de cursos com desempenho insatisfatório. Além disso,com uma prova de certificação,o Brasil poderia garantir que os médicos formados têm o preparo necessário para oferecer um atendimento seguro e eficiente à população.

A abertura indiscriminada de faculdades de medicina no Brasil representa um desafio urgente para a saúde pública e para o sistema educacional. Se,por um lado,a intenção de formar mais médicos para atender às demandas regionais é legítima,por outro,a falta de controle e critérios rigorosos de qualidade na criação de novos cursos pode comprometer gravemente a formação desses profissionais. Garantir a qualidade da formação médica é essencial para a construção de um sistema de saúde eficiente,humano e capaz de responder às necessidades de uma sociedade em constante transformação.