A informação foi avançada à agência Lusa por várias fontes conhecedoras do processo,no dia em que Mario Draghi se deslocou a Bruxelas para,à porta fechada,informar os representantes permanentes dos Estados-membros junto da UE e a Conferência de Presidentes (com os líderes da instituição e dos grupos partidários) do Parlamento Europeu sobre as diretrizes do relatório sobre a competitividade comunitária,que será oficialmente divulgado na segunda-feira.
Uma dessas fontes especificou que,na ocasião,o antigo governante e ex-líder do Banco Central Europeu (BCE) observou que,nas últimas décadas,"a competitividade europeia ficou sujeita a uma série de barreiras estruturais",entre os quais o atraso na capacidade de inovação,o aumento dos preços da energia,o défice de competências e a necessidade de acelerar a digitalização e de reforçar as capacidades de defesa comuns da Europa.
Por essa razão,o relatório que foi pedido a Mario Draghi pela presidente da Comissão Europeia,Ursula von der Leyen,servirá para "reflexão sobre os desafios que a Europa enfrenta e sobre a forma como a UE,as suas instituições,os Estados-membros e as partes interessadas podem,em conjunto,ultrapassá-los para recuperar a vantagem competitiva da Europa",nomeadamente face aos principais concorrentes,a China e os Estados Unidos.
Em causa está o relatório que o ex-presidente do Banco Central Europeu tem estado a preparar sobre a competitividade europeia,cuja apresentação esteve inicialmente prevista para junho,depois para julho e agora para setembro,após uma interrupção para férias nas instituições da União Europeia.
Uma outra fonte indicou à Lusa que o relatório de Draghi se centra em tópicos como produtividade,redução das dependências da UE,clima e inclusão social,abrangendo ainda recomendações específicas para os 10 principais setores da economia (como energia,inovação,mercado de capitais,auxílios estatais,coesão,competências,defesa e investimento).
Numa altura em que Ursula von der Leyen forma a sua equipa para o próximo mandato à frente da Comissão Europeia (de 2024 até 2029),o documento em causa irá guiar a responsável nas cartas de missão dos comissários europeus designados,adiantou uma outra fonte à Lusa.
Este relatório surge depois de um outro divulgado em abril passado pelo antigo primeiro-ministro italiano Enrico Letta,esse porém mais focado no mercado interno da UE,sendo que o de Mario Draghi se centra mais na cena internacional.
O documento será debatido pelo colégio de comissários do executivo comunitário,na quarta-feira em Bruxelas,e,mais tarde,discutido pelos chefes de Governo e de Estado da UE no Conselho Europeu informal de novembro,realizado em Budapeste pela presidência húngara da UE.
Há precisamente um ano,no seu discurso sobre o Estado da União,Ursula von der Leyen anunciou um relatório sobre a competitividade europeia e falou num contexto "desafiante" para a indústria na UE.
Na altura,a responsável elencou "três grandes desafios económicos para a indústria" em 2024,entre os quais a "escassez de mão-de-obra e de competências,a inflação" e a necessidade de "facilitar a atividade das empresas",quando se regista um contido crescimento económico.
Por essa razão,Von der Leyen pediu ao ex-presidente do BCE,Mario Draghi,"uma das maiores mentes económicas da Europa,que preparasse um relatório sobre o futuro da competitividade europeia".