Em dificuldade nas capitais, PL vê nomes do partido patinarem em oito de 13 disputas com candidatura própria

Da esquerda para a direita: Capitão Assumção,Gilson Machado,Marcelo Queiroga e Alexandre Ramagem — Foto: Lucas S. Costa/Ales,Alan Santos/PR,Billy Boss/Câmara dos Deputados e Beatriz Orle/O Globo

RESUMO

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GERADO EM: 05/09/2024 - 03:31

Desempenho do Partido Liberal nas Eleições Municipais: Variações e Desafios

O Partido Liberal (PL),ligado a Jair Bolsonaro,tem desempenho variado nas eleições municipais,liderando em algumas capitais,como Aracaju e Maceió,mas enfrentando dificuldades em outras,como Belo Horizonte e Rio de Janeiro. A avaliação do governo Lula e o uso das redes sociais pelos candidatos são pontos de destaque. Em algumas cidades,a ligação com Bolsonaro pode ser um obstáculo,especialmente onde Lula obteve mais votos em 2022.

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A última rodada da Quaest mostra que o PL,partido do ex-presidente Jair Bolsonaro,lidera de forma isolada em apenas duas das 13 capitais em que disputa prefeituras,enquanto,em outras três cidades,a sigla aparece na liderança em empates técnicos. Nomes do partido apresentam,por enquanto,dificuldade nas outras oito disputas em que foram lançadas candidaturas próprias,nas quais os representantes da legenda de Bolsonaro não chegam a ultrapassar a barreira de 15% das intenções de voto.

Pulso: A avaliação do governo Lula nas capitais segundo as últimas pesquisas QuaestPesquisa Quaest: Marçal é quem mais ganha votos daqueles que usam as redes sociais para se informar

Candidatos do PL ocupam sozinhos a primeira colocação em Aracaju (SE) e em Maceió (AL),onde o prefeito João Henrique Caldas (JHC) tenta a reeleição. A sigla também aparece na liderança,em empates técnicos,em Rio Branco (AC),Belém (PA) e Cuiabá (MT).

Já em Belo Horizonte (MG),Fortaleza (CE),João Pessoa (PB),Manaus (AM),Rio de Janeiro (RJ),Recife (PE),Vitória (ES) e Goiânia (GO),porém,nomes do partido aparecem atrás na disputa. Em alguns dos casos,o PL patina para consolidar candidaturas competitivas na disputa por uma vaga em um eventual segundo turno.

Entenda a disputa em cada capital

Aracaju (SE)

A disputa pela prefeitura de Aracaju,cidade que nunca foi governada por uma mulher,é liderada pela vereadora Emília Corrêa (PL),que conseguiu o apoio do PSDB,do Cidadania e do Agir e tem prometido furar “a bolha do sistemão” em discursos. A parlamentar é casada com um pastor e costuma recorrer a passagens bíblicas em suas falas. Pesquisa Quaest feita no fim de agosto mostra Emília com 26% das intenções de voto. Ela é seguida por Delegada Danielle (MDB),com 19%,e Yandra (União),com 13%,ambas empatadas no segundo pelotão no limite da margem de erro.

Da esquerda para a direita: Luiz Roberto (PDT),Emília Corrêa (PL),Candisse Carvalho (PT),Yandra Moura (União) e Delegada Danielle (MDB) — Foto: Reprodução

A candidata se filiou ao PL em março para concorrer à prefeitura no pleito deste ano. Emília tem evitado se vincular totalmente a Bolsonaro e não citou o ex-presidente na convenção que homologou sua candidatura. Em agosto,em uma mudança de postura,a vereadora foi a Pernambuco se encontrar com o antigo chefe do Executivo e postou um vídeo ao seu lado.

Na eleição presidencial de 2022,Lula teve 57,26% dos votos válidos no segundo turno na capital de Sergipe,enquanto Bolsonaro conquistou 42,74% dos eleitores. Candidata do PT em Aracaju,Candisse Carvalho aparece com 8% das intenções de voto.

Mesmo com o apoio do atual prefeito Edvaldo Nogueira (PDT) e do governador de Sergipe,Fábio Mitidieri (PSD),o ex-secretário estadual Luiz Roberto (PDT) apresenta dificuldade de crescimento nas pesquisas,com 9% no levantamento mais recente. A Quaest mostra também que a gestão municipal de Nogueira é vista como positiva por 50% dos eleitores da capital.

Rio Branco (AC)

Em Rio Branco,o prefeito Tião Bocalom (PL) aparece empatado tecnicamente com Marcus Alexandre (MDB) na primeira posição (44% contra 43%). Apoiado pelo governador Gladson Cameli (PP),Bocalom aposta na vinculação com Bolsonaro e com outros nomes próximos do ex-presidente para conquistar a reeleição no município.

A Quaest mostra que a gestão municipal é avaliada como positiva por 46% da população local e aponta também o ex-presidente como cabo eleitoral mais eficiente na cidade. Bolsonaro superou Lula em Rio Branco com ampla margem em 2022: o ex-presidente somou 72,51% do total de votos válidos.

Já Alexandre foi eleito prefeito de Rio Branco pela primeira vez em 2013 e chegou a ser reeleito em 2016,mas deixou o cargo em abril de 2018 para se candidatar ao governo do Acre,perdendo para Cameli. Vice na chapa o antigo chefe do Executivo municipal,Marfisa Galvão é vice-prefeita na atual gestão de Bocalom.

Ela compôs a chapa do prefeito em 2020 numa aliança do então partido do nome do prefeito,o PP,com o PSD do senador Sérgio Petecão,que é marido de Marfisa. A aliança foi rompida após a vitória nas urnas e a vice passou a fazer oposição ao governo.

Belém (PA)

Sede da COP 30,Belém tem disputa aberta diante do alto índice de reprovação da gestão do prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL),que tenta reeleição. A Quaest mostra o Delegado Eder Mauro (PL),com 23% das intenções de voto,empatado tecnicamente com Igor Normando (MDB),candidato do governador Helder Barbalho (MDB),que soma 21%. Já o atual chefe do Executivo municipal aparece com 15%.

Da esquerda para a direita: Igor Normando (MDB),Edmilson Rodrigues (PSOL) e Éder Mauro (PL) — Foto: Reprodução

Segundo o levantamento mais recente,a gestão de Rodrigues é avaliada como positiva por apenas 10% dos eleitores de Belém,enquanto 18% a classificam como regular e 70% como negativa.

Apesar de se intitular “prefeito da COP”,Mauro é criticado por adversários por posicionamentos contra pautas ligadas ao meio ambiente. O deputado federal já defendeu em seu mandato no Legislativo a expansão do garimpo,a flexibilização dos agrotóxicos e se posicionou a favor do marco temporal para terras indígenas,pauta criticada pelos ambientalistas.

A aliança do candidato com a família Bolsonaro,no entanto,é reconhecida até por integrantes de sua campanha como um elemento que pode também ter viés negativo. A justificativa é que Belém foi a única capital da região Norte onde Lula venceu Bolsonaro em 2022,com 50,28% dos votos válidos.

Maceió (AL)

Aliado de primeira hora de Lira,o atual prefeito de Maceió,João Henrique Caldas (PL),tem ampla vantagem e aparece com 74% das intenções de voto. Já Rafael Brito (MDB),candidato do governador Paulo Dantas (MDB) e do senador Renan Calheiros (MDB),tem apenas 4% das intenções de voto mesmo contando com o apoio de Lula.

João Henrique Caldas,o JHC,prefeito de Maceió — Foto: Secom Maceió

Maceió foi a única capital nordestina onde Bolsonaro venceu na disputa de 2022. Ainda assim,em postagens nas redes sociais,JHC tem evitado vincular sua campanha para reeleição ao ex-presidente. A Quaest mostra que o governo municipal é avaliado como positivo por 75% dos moradores da capital de Alagoas.

Cuiabá (MT)

Em Cuiabá,o deputado estadual Eduardo Botelho (União) aparece tecnicamente empatado no limite da margem de erro com o deputado federal Abílio Brunini (PL),com 31% e 25%,respectivamente. Brunini busca vincular a imagem do ex-presidente e de outros nomes do bolsonarismo,como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG),em postagens nas redes sociais. Bolsonaro teve 61,50% do total de votos na cidade em 2022.

Outras capitais

No Rio de Janeiro (RJ),o deputado federal Alexandre Ramagem (PL),que soma apenas 9% das intenções de voto,segundo a última pesquisa Quaest,luta para decolar. O aliado de Bolsonaro está atrás do atual prefeito Eduardo Paes (PSD),que tem ampla vantagem e aparece com 60% das intenções de voto,quase o triplo da soma dos adversários.

Ainda no Sudeste,Bruno Engler (PL) tem 12% em Belo Horizonte (MG) e apresenta dificuldade para encostar no líder Mauro Tramonte (Republicanos),que soma 30%. Já em Vitória (ES),o candidato Assumção (PL) está empatado tecnicamente na lanterna (2% dos votos) da disputa liderada pelo atual prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos),que tem 51%.

Em Goiânia (GO),Fred Rodrigues (PL) tem 9% das intenções de voto. Na cidade,um empate técnico triplo na primeira posição reúne a petista Adriana Accorsi,o senador Vanderlan Cardoso (PSD) e o ex-deputado federal Sandro Mabel (União),candidato do governador Ronaldo Caiado (União).

No Nordeste,o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga (PL) aparece atrás na disputa pela prefeitura de João Pessoa (PB),com 7% das intenções de voto. O pleito tem o atual prefeito Cícero Lucena (PP) na liderança,com 53% de preferência do eleitorado. Em Recife (PE),a situação se repete. O prefeito João Campos (PSB) tem 80% das intenções de voto,enquanto Gilson Machado soma 6%.

Já em Fortaleza (CE),o ex-deputado federal Capitão Wagner (União) aparece à frente do atual prefeito José Sarto (PDT),com 31% dos votos contra 22% do candidato à reeleição. Em um segundo pelotão estão André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT),ambos com 14%.

No Norte,a disputa de Manaus (AM) é liderada pelo atual prefeito David Almeida (Avante),que tem 37% das intenções de voto. Candidato do PL,Capitão Alberto Neto aparece empatado tecnicamente na terceira colocação,com 12%.