Cachimbo pré-colonial furtado: vídeo mostra ladrão fumando artefato indígena fora do museu no DF; veja

Imagens da câmera de segurança mostram Natanael da Silva,de 19 anos,furtando e fumando o cachimbo de valor inestimável — Foto: Reprodução

RESUMO

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GERADO EM: 05/09/2024 - 04:31

Jovem de 19 anos furta cachimbo pré-colonial indígena valioso em Brasília

Um jovem de 19 anos foi identificado pela Polícia Civil como autor do furto de um cachimbo pré-colonial indígena valioso em Brasília. O artefato foi fumado após o roubo e ainda não foi recuperado. A Interpol auxilia na investigação para evitar que a peça seja levada para fora do país. A importância cultural e a segurança dos bens arqueológicos são destacadas pelas autoridades.

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A Polícia Civil do Distrito Federal identificou,nesta quarta-feira,o autor do furto de um cachimbo indígena pré-colonial,que estava exposto no museu interativo SESI Lab,em Brasília. Desde o dia 25 de julho,quando o artefato desapareceu,que a Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) auxilia na investigação. Obtidas pelo GLOBO,imagens da câmera de segurança do local mostram Natanael da Silva,furtando e fumando o cachimbo de valor inestimável.

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Nas filmagens,é possível ver Natanael — que tem duas anotações criminais por furto — abrindo o escaninho de vidro e pegando o artefato. Após o crime,o jovem sai do SESI Lab fumando a própria fornalha de cachimbo da etnia Tapajó,que foi localizada pelo antropólogo Eduardo Galvão há décadas. No entanto,assim como o objeto,o homem ainda não foi localizado.

Polícia identifica autor do furto de cachimbo indígena de exposição no DF

— Fizemos diligências na casa do investigado,que fica em Santo Antônio do Descoberto,em Goiás,e rodamos na Asa Sul,na Asa Norte e na Central,mas não o achamos. Ele anda pelo Plano Piloto. Por isso,pedimos para quem tiver informações sobre o paradeiro dele que entre em contato com a polícia do Distrito Federal. A gente pretende recuperar o cachimbo — explicou Barros,em entrevista ao GLOBO.

Naquele 25 de julho,quando aconteceu o furto da peça,o SESI Lab alegou que “o museu estava recebendo um alto volume de público,por conta da gratuidade e período de férias escolares”.

Antes de seguir para a exposição “BioOCAnomia Amazônica” do SESI Lab,o artefato estava no Memorial dos Povos Indígenas,também em Brasília,e integrava o acervo da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec-DF) desde janeiro de 1999.

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Assim que foi dada a falta do objeto,tanto a Subsecretaria de Patrimônio Cultural,quanto o SESI Lab informaram o caso à Polícia Civil do DF. Em seguida,como de praxe em casos de furto de itens do patrimônio cultural,a Interpol foi acionada. Esta medida visa o acionamento das autoridades aeroportuárias para evitar que a peça saia do país e seja ofertada em leilões ou exposta em outro museu.

Relembre o caso

No dia 25 de julho,a Interpol foi acionada depois que o cachimbo indígena histórico,que estava exposto dentro de uma vitrine de vidro,desapareceu do centro cultural monitorado por câmeras. Até então,a peça nunca havia sido emprestada a nenhuma instituição. Por isso,para a fornalha de cachimbo ser cedida à exposição,o SESI Lab foi submetido a um processo de segurança padrão,como pagamento de seguro e exigência de câmera e segurança no local.

Com valor inestimável,peça da etnia Tapajó integrava acervo cultural do DF desde de 1999 — Foto: Reprodução

— Qualquer bem cultural só é emprestado para uma exposição que garante segurança. Então,eles têm que comprovar câmeras,segurança e a gente ainda pede um seguro para evitar que esse tipo de coisa aconteça. No entanto,infelizmente,o Brasil é um país que preza pouco pelos seus bens culturais. Apesar disso,temos esperança que essa peça seja devolvida aos acervos da Secretaria de Cultura — afirmou o subsecretário de Patrimônio Cultural do Distrito Federal,Felipe Ramón,em entrevista ao GLOBO.

À época,ao GLOBO,o Gerente de Coleções Arqueológicas do Museu Nacional,Mario Junior Alves Polo,explicou sobre a essência do “valor inestimável” para uma peça arqueológica.

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— A princípio,todos os bens arqueológicos possuem valor inestimável. São bens únicos e insubstituíveis,com recursos finitos e que não podem ser reproduzidos (a não ser enquanto réplicas),além de terem sido produzidos por grupos humanos localizados no passado. A ideia de valorar financeiramente um artefato arqueológico é muito capciosa. Em primeiro lugar,no Brasil,o patrimônio arqueológico é bem da União e,portanto,sua comercialização é crime. Valorar um item deste tipo é uma ação que pode facilitar condutas associadas à comercialização ou ao colecionismo — explica o arqueólogo.