À entrada para um encontro com militantes do PSD/Lisboa,no âmbito da recandidatura à liderança da presidência do partido,Luís Montenegro foi questionado pela comunicação social se mantinha a confiança política no ministro das Infraestruturas.
"Nós estamos a governar o país com o intuito de cumprir toda a legislatura e,portanto,para levar este governo até algures,setembro ou outubro de 2028,com a expectativa de levar a bordo todos os membros do governo",afirmou.
Perante a insistência se o ministro não fica enfraquecido,como defendeu a oposição,para prosseguir com o processo de privatização da TAP,Montenegro respondeu: "O dr. Miguel Pinto Luz está fortalecido pelo excelente trabalho que tem feito como Ministro das Infraestruturas e da Habitação".
Já sobre o relatório da IGF,considerou que "não traz nenhuma novidade face a outros relatórios" e salientou que já foi enviado pelo governo "quer para a Assembleia da República,quer para o Ministério Público".
Questionado se este relatório pode prejudicar a nomeação de Maria Luís Albuquerque -- ministra das Finanças em 2015 e escolha do atual Governo para próxima comissária europeia -,o primeiro-ministro não deu uma resposta direta.
"Nós estamos a trabalhar para governar o país,para cumprir o programa do Governo,e estamos também empenhados em ter na Comissão Europeia alguém que valorize as políticas ao nível europeu e o bem-estar dos europeus,e obviamente também possa ser uma representante de qualidade - como é a minha expectativa -,dos interesses portugueses",afirmou.
Sobre o processo de privatização da TAP,disse que a sua preocupação como primeiro-ministro "é poder oferecer a Portugal uma solução que sirva os interesses dos portugueses,da economia portuguesa e também dos contribuintes".
Questionado se este processo poderá ser prejudicado pelo relatório agora divulgado,insistiu que o documento "não acrescenta nenhum facto àqueles factos que já foram apreciados anteriormente".
"Em todo o caso,compete à Assembleia da República fazer a avaliação política que entender sobre o documento que recebeu. E compete também ao Ministério Público fazer as diligências que entender",admitiu.
E à pergunta se Pinto Luz tem condições para liderar o processo de privatização,elogiou o seu trabalho em áreas "muito relevantes",como a decisão sobre a localização do novo aeroporto,a estratégia para a ferrovia ou o plano de mobilidade que será apresentado "nas próximas semanas",e em que se inclui a medida já anunciada de um passe ferroviário nacional com um custo de 20 euros por mês.
"Do ponto de vista do primeiro-ministro,o Governo vai continuar a governar,vai continuar a cumprir o seu programa e vai contar com a participação de todos os seus membros",disse.
Segundo a auditoria,avançada na segunda-feira pela SIC e à qual a Lusa teve acesso,o negócio de compra da TAP pela Atlantic Gateway,consórcio de David Neeleman e Humberto Pedrosa,foi financiado com um empréstimo de 226 milhões de dólares feito pela Airbus,em troca da compra pela companhia aérea nacional de 53 aviões à construtora aeronáutica europeia.
Vários partidos,incluindo o PSD,entregaram pedidos de audição do ministro das Infraestruturas Miguel Pinto Luz,à data secretário de Estado das Infraestruturas,Transportes e Comunicações no segundo governo liderado Pedro Passos Coelho,que caiu após ter sido chumbado o seu programa no parlamento,mas que concluiu o processo de privatização da TAP,em 2015.
O PS desafiou o primeiro-ministro a esclarecer se mantém a confiança política no ministro Miguel Pinto Luz para dirigir a privatização da TAP,alegando que já que participou num processo semelhante "envolto em suspeitas".