Os próprios funcionários da companhia vão entrar nos condomínios para fazer a coleta,após os portões serem abertos pelo zelador ou um morador — Foto: Divulgação
RESUMO
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Coleta interna em condomínios para reduzir lixo nas ruas
Comlurb inicia coleta interna em condomínios para evitar lixo nas ruas. Novo modelo visa reduzir a abertura de sacos e atrasos na limpeza. Moradores têm dúvidas e preocupações,mas até agora sem registros de roubos. Projeto já em prática na Zona Sul e Grande Tijuca,ampliação prevista.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Em meio a dúvidas dos moradores,a Comlurb começou a implantar,na semana passada na Zona Sul e na Grande Tijuca,um novo modelo de coleta de lixo em prédios residenciais localizados em vias com tráfego intenso. Em vez de deixar o lixo na calçada,a orientação é que os descartes devem permanecer em áreas internas do edifício até a chegada dos garis. Os próprios funcionários da companhia vão entrar nos condomínios para fazer a coleta,após os portões serem abertos pelo zelador ou um morador.
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— O objetivo é tornar a coleta mais eficiente. Quando o lixo é deixado na rua,os sacos podem ser rasgados por animais ou catadores,espalhando esses detritos. Esse problema retarda a coleta,já que as ruas também precisam ser limpas e lavadas pelos garis — explicou o presidente da Comlurb,Flávio Lopes. — Mesmo com a entrada das equipes nos condomínios,ganhamos até quatro horas por dia nesse novo modelo.
A medida não é válida para os chamados grandes geradores de empreendimentos comerciais. A coleta em shoppings e restaurantes continuará a ser feita por empresas privadas contratadas pelos proprietários.
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O presidente da Comlurb diz que o novo modelo contribuirá para a redução de registros de bueiros entupidos durante os temporais de verão. Isso porque,quando chove forte,os sacos de lixo que estão nas calçadas para serem recolhidos acabam sendo arrastados pela enxurrada. Moradores e síndicos ainda não sabem se a medida será efetiva.
— Acho estranho,com tanto risco de assalto,permitir a entrada de estranhos no prédio — criticou a empresária Alice Moreira de Souza,de 26 anos,moradora de um prédio na Rua Barata Ribeiro,em Copacabana.
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Sem registro de roubos
A Comlurb informou que até agora nenhum caso de roubo ou furto foi registrado nas áreas onde o projeto foi implantado. O programa começou em abril em condomínios do programa Minha Casa,Minha Vida,na Zona Oeste. No mês seguinte,foi adotado nos condomínios da Avenida das Américas,na Barra da Tijuca,no Cidade Jardim e no Rio 2,na Barra Olímpica.
— O fato de o lixo ficar dentro de um condomínio ou na rua em nada interfere nos riscos de assaltos. Um assaltante pode ingressar em prédios com uniformes de prestadores de serviço de telefonia,por exemplo — diz o presidente da Câmara Comunitária da Barra,Delair Dumbrosck,morador do condomínio Ilha Pura,onde o novo modelo de coleta ainda não foi implantado.
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Na Barra,moradores do Cidade Jardim aceitaram bem a novidade. Lá,o serviço tem algumas particularidades: a coleta é diurna,e os garis não entram nos prédios. Assim que a equipe da Comlurb chega ao condomínio,os funcionários dos prédios levam os contêineres cheios de lixo até uma área reservada. Ali,os detritos são despejados nos caminhões.
— Antes,catadores se aglomeravam do lado de fora do condomínio. A rua ficava toda suja — contou Edvaldo de Jesus,funcionário do edifício Majestic,uma das unidades do Cidade Jardim.
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Em Copacabana,onde o projeto está em implantação,o programa passa por adaptações de acordo com as particularidades de cada prédio. No edifício Ocapiá,por falta de espaço na entrada do imóvel,a solução foi usar parte da garagem para guardar os resíduos até a passagem do caminhão.
— Ao contrário de outros imóveis,nós não temos grades em frente à entrada do prédio. Primeiro,os garis resistiram à ideia de ter que buscar o lixo na garagem,mas depois viram que não havia opção — disse o advogado Horácio Magalhães,presidente da Sociedade Amigos de Copacabana (SAC).
Há também dúvidas de como proceder em prédios sem porteiro em tempo integral e cuja coleta é noturna.
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— Para mim,isso não é dificuldade porque todos os sete prédios que administro têm porteiros à noite. Por isso,os moradores e eu mesma estamos adorando,porque acabou a sujeira na rua que gerava muitos ratos e baratas — diz a síndica profissional Cláudia Maia.
Flávio Lopes explica que nesses casos as equipes estão orientando os moradores a avaliarem se podem deixar o lixo num imóvel vizinho ou designar um deles para abrir o portão e acompanhar os garis.
— A nossa avaliação é que esses casos de não ter porteiros à noite são exceções. As equipes responsáveis por visitar e explicar aos moradores o projeto constataram que 93% dos prédios têm serviços de zeladoria 24 horas por dia — afirma Lopes.
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Os garis já estão atuando nesse novo modelo na Avenida Vieira Souto e na Rua Visconde de Pirajá,em Ipanema; na Rua Barata Ribeiro e nas avenidas Atlântica e Nossa Senhora de Copacabana,em Copacabana; e nas avenidas Delfim Moreira e Ataulfo de Paiva,no Leblon. Em todas,o lixo geralmente é coletado no fim da tarde ou durante a noite devido ao trânsito.
Só nas principais
A nova coleta não será adotada em vias secundárias,onde predominam casas,já que não daria mais agilidade na coleta. Fávio esclarece que a ideia é focar apenas em áreas residenciais de maior densidade populacional,incluindo ainda vias onde foram implantados corredores de BRS,de uso exclusivo de ônibus e táxis. Até o fim do ano,o projeto estará operando em 88 ruas e avenidas,onde 1.213 edifícios serão atendidos.
De acordo com a Comlurb,nesta fase,as vias com mais prédios são a Avenida Nossa Senhora de Copacabana (125),e as ruas Conde de Bonfim (159),Uruguai e São Francisco Xavier,ambas com 85,na região da Tijuca. A partir de setembro,o programa será iniciado no Grande Méier. No ano que vem,a mudança chegará a outros bairros.