Apenas dados climáticos não explicam incêndios em São Paulo, diz meteorologista

Imagem de satélite mostra focos de incêndio no Brasil no dia 23 de agosto — Foto: Reprodução

RESUMO

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GERADO EM: 27/08/2024 - 03:31

Causas dos Incêndios em SP: Clima e Ações Humanas

Meteorologista afirma que dados climáticos não explicam todos os incêndios em São Paulo. Redução de chuva e aumento de temperatura contribuíram,mas ações humanas,como as de presos suspeitos de atear fogo,também são relevantes. Prejuízos ultrapassam R$ 1 bilhão.

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Dados coletados Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis),da Universidade Federal de Alagoas,indicam que apenas o clima não explica a onda de incêndios no estado de São Paulo. A avaliação é do professor e meteorologista Humberto Barbosa,que comparou dados e imagens de satélite dos dia 8 e 23 de agosto.

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— Nitidamente,o estado de São Paulo,desde abril,passa por redução de chuva,aumento de temperatura e redução na umidade de solo. No dia 8,do extremo Sul e Sudeste do país,teve uma massa polar que trouxe chuva e ventos e uma diminuição da temperatura — explica Barbosa.

Apesar da frente fria,as condições vistas naquela data ainda eram propícias ao desenvolvimento de incêndios. Segundo Barbosa,até aquele momento o estado acumulava temperaturas altas e um clima seco,que potencializam as queimadas. Do início do mês até o dia 23,no entanto,essas mesmas condições se reduziram,mas o número de focos de incêndio aumentou.

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— No dia 8,havia uma condição acumulada desde abril. No final de julho e início de agosto,as temperaturas chegaram ao ponto máximo,número de dias seco e redução de chuva — diz Barbosa. — No dia 8,quando as condições meteorológicas se fecharam,faz sentido o número de queimadas. Depois do dia 8 até o 23,essa as condições já não eram tão favoráveis (...) Não dá para explicar apenas do ponto de vista climático.

Segundo o meteorologista,o momento mais propício para a ocorrência das queimadas foi no final de julho,quando o clima estava mais seco.

Presos em SP

Até o momento,quatro pessoas foram detidas,suspeitas de atearem fogo em vegetação. A última dessas ocorrências foi nesta segunda-feira,quando um homem de 27 anos foi preso em flagrante no Jardim Aurora,em Batatais,região de Franca. Ao ser detido,ele estava com serras,alicate,isqueiro e uma caixa de fósforos.

O incêndio causado pelo homem chegou a atingir,além de um pasto,a cerca e o quintal de uma residência. As chamas foram controladas pelo Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil. Ninguém ficou ferido. O caso foi registrado como incêndio na Delegacia de Batatais,e o homem segue preso. O 15º Batalhão de Polícia Militar do Interior (BPM-I) foi acionado após receberem a denúncia de que um homem estaria ateando fogo em uma pastagem anexa à uma Área de Preservação Permanente (APP).

Essa é a segunda prisão pelo mesmo crime a acontecer em Batatais. No domingo,um homem de 42 anos foi detido por atear fogo a uma vegetação no Central Park. Aos policiais,ele chegou a dizer ser membro de uma facção criminosa e que gravou vídeos comemorando o incêndio. No entanto,O GLOBO apurou que o suspeito,identificado como Alessandro Arantes,de 42 anos,sofre de problemas psiquiátricos e é usuário de drogas. Representantes das forças de segurança descartam qualquer ligação deste ato com a facção criminosa paulista.

No dia 21 de agosto,um homem de 26 anos foi preso por atear fogo em um canavial na cidade de Guaraci,na região de Barretos. No sábado,um idoso acabou detido por atear fogo em lixo em uma área de mata.