UPP do Santa Marta,em Botafogo,na Zona Sul — Foto: Reprodução
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 26/08/2024 - 04:31
Declínio das UPPs: promessas de revitalização incertas
A trajetória das UPPs,do ideal inicial ao desgaste e cortes no orçamento,reflete seu declínio. Promessas de reestruturação surgem,mas pouco se concretiza. Inaugurada em 2008,a primeira UPP representou a proposta de aproximação entre polícia e moradores,porém,ao longo dos anos,o programa perdeu força e unidades. A incerteza paira sobre seu futuro,mesmo diante de promessas de revitalização.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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No final de 2008,a notícia da ocupação de uma creche pelo tráfico,no alto do Morro Dona Marta,na Zona Sul do Rio,colocou em xeque a política de segurança pública nas favelas. O então secretário de segurança,o delegado da Polícia Federal José Mariano Beltrame,foi pessoalmente à comunidade,mas precisou sair às pressas,sem dizer uma palavra. Naquela época,não havia diálogo entre a polícia e os moradores.
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A resposta da Secretaria de Segurança veio logo depois,no dia 19 de dezembro daquele mesmo ano,próximo ao Natal,com a criação,no Dona Marta,da primeira Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). A proposta era aproximar policiais dos moradores e retomar os territórios dominados pelos traficantes. Em seu auge,em 2012,o programa teve 38 UPPs no estado; no entanto,foi sendo esvaziado com o tempo e perdeu nove unidades.
O fantasma da desmobilização sempre foi uma preocupação nos áureos tempos das UPPs,até que,em 2017,começou a dar sinais de que poderia acontecer. Naquele ano,uma votação da Lei Orçamentária na Alerj determinou um corte de R$ 500 milhões na PM. Os R$ 5,4 milhões,orçamento em vigência para a manutenção das 38 unidades,diminuíram para o valor irrisório de R$ 10 mil,ou seja,cerca de R$ 21 por mês para cuidar de cada uma das UPPs.
Em 2019,com o estado sendo governado por Wilson Witzel,houve promessa de reestruturação das unidades. Os contêineres usados como instalações iriam virar construções de alvenaria,haveria recomposição de efetivo,reposição de viaturas,armamentos e munição,mas nada saiu do papel. Dois anos depois,o atual governador Cláudio Castro fez a mesma afirmação,garantindo que estudos estavam sendo feitos para repaginar o programa. À época,ele disse:
— É um projeto sobre o qual a gente já vem falando desde o ano passado,estamos trabalhando,e a previsão é que no segundo semestre a gente tenha alguma coisa — afirmou em entrevista em 2021.
A primeira Unidade de Polícia Pacificadora foi inaugurada em 19 de dezembro de 2008 no Morro Dona Marta,em Botafogo. Em seu auge,o programa teve 38 UPPs no estado.