Teatro Armando Gonzaga, em Marechal Hermes, Zona Norte do Rio, é reinaugurado após oito meses de obra

Espaço cultural será reinaugurado pelo Governo do Estado após obras de revitalização — Foto: Infoglobo/Alexandre Cassiano

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GERADO EM: 24/08/2024 - 04:31

Teatro Armando Gonzaga reinaugurado após investimento milionário da Funarj

O Teatro Armando Gonzaga,em Marechal Hermes,Zona Norte do Rio,é reinaugurado após investimento de R$ 1,2 milhão da Funarj. Com 70 anos de existência,o espaço passou por obras que incluíram melhorias na acessibilidade,acervo cultural e sistema hidráulico. A reinauguração contou com um show do sambista Leando Sapuchay,esgotando os ingressos no primeiro dia. Moradores e artistas locais comemoram a revitalização,esperando mais movimentação cultural na região.

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Fundado em 1913,quando a cidade do Rio de Janeiro ainda era conhecida como Distrito Federal,Marechal Hermes é considerado o primeiro bairro operário do Brasil. Com suas casinhas antigas,de muros baixos que preservam a arquitetura original de mais de 50 anos atrás,Marechal se tornou o terceiro bairro do Rio mais procurado para servir de cenário de filmes,séries e novelas,ganhando o apelido de "Marechalwood". Localizado em uma praça central do bairro centenário,um prédio baixo chama a atenção por seu formato diferente e ondulado no meio das residências tradicionais: o Teatro Armando Gonzaga.

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Projetado pelo arquiteto Affonso Eduardo Reidy,grande nome do urbanismo modernista,o teatro foi inaugurado em 1954,seu nome uma homenagem ao grande autor teatral da comédia carioca. O espaço cultural,que está completando 70 anos,recebeu um investimento de R$ 1,2 milhão do Governo do Estado,e será reinaugurado na próxima segunda-feira (26),após obras de revitalização.

Situado a alguns minutos da estação de trem,o teatro nasceu como uma proposta de fomentar expressões artísticas da comunidade. Seu projeto foi assinado por Reidy e pelo paisagista Burle Marx,responsável pela vegetação da praça que acompanha a edificação. O espaço foi resultado de uma política do ator e político carioca Paschoal Carlos Magno,antigo vereador do então Distrito Federal,que buscava a descentralização dos equipamentos culturais da cidade. Além de Reidy e Burle Marx,o artista Paulo Werneck participou do projeto criando os painéis laterais que se encontram na área externa do prédio.

Na década de 1970,chegou a fazer parte do circuito de espetáculos teatrais da cidade. O edifício foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) em 1989,após as primeiras reformas. Em 2008,foi realizada mais uma reforma e,no ano seguinte,o jardim foi tombado pelo município.

Para celebrar seus 70 anos de existência,o teatro foi um dos equipamentos culturais selecionados pelo programa Acelera Funarj. O projeto da Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro (Funarj) busca restaurar espaços culturais emblemáticos para a população fluminense.

Entre as intervenções realizadas no espaço,estão a troca de poltronas e a reforma da estrutura do palco e sua iluminação. As reformas também tiveram um foco na acessibilidade do local,com a criação de rampas de acesso e banheiros destinados às pessoas com deficiência. Segundo a Funarj,outro problema que buscou ser solucionado com as obras foi a constante inundação que o espaço sofria durante as chuvas. Foi realizada uma renovação da parte hidráulica e elétrica,com a instalação de um novo quadro de luz e um novo sistema de escoamento.

Teatro Armando Gonzaga,é reinaugurado após obras de revitalização

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Espaço cultural será reinaugurado pelo Governo do Estado após obras de revitalização — Foto: Infoglobo/Alexandre Cassiano

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Prédio foi projeto por Affonso Eduardo Reidy,arquiteto modernista e inaugurado em 1954 — Foto: Infoglobo/Alexandre Cassiano

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O artista plástico brasileiro Paulo Werneck participou criando os painéis laterais da construção — Foto: Infoglobo/Alexandre Cassiano

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O teatro fica localizado em uma praça foi desenvolvida por Burle Marx,que previa canteiros com vegetação arbórea e arbustiva,além de área de estar com bancos — Foto: Infoglobo/Alexandre Cassiano

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Entre as intervenções feitas pelo Governo do Estado,está a troca de poltronas e um foco especial na acessibilidade do local — Foto: Infoglobo/Alexandre Cassiano

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O espaço,que sofria de inundações frequentes,passou por uma renovação completa na parte hidráulica e elétrica — Foto: Infoglobo/Alexandre Cassiano

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O teatro recebeu um novo quadro de luz e um sistema de escoamento mais eficiente. — Foto: Infoglobo/Alexandre Cassiano

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O palco também deve sua estruturada reformada e será devolvido ao público com show do sambista Leandro Sapuchay. — Foto: Infoglobo/Alexandre Cassiano

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Cordas e andaimes originais do teatro foram mantidos — Foto: Infoglobo/Alexandre Cassiano

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Além da estrutura aprimorada,o teatro ganhou um Acervo Cultural onde sua história é homenageada — Foto: Infoglobo/Alexandre Cassiano

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Penteadeiras originais,que refletiram o rosto de artistas como Dercy Gonçalves,Elza Soares e Zé Ramalho foram preservadas — Foto: Infoglobo/Alexandre Cassiano

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Recortes de jornal da época da fundação e livros do acervo pessoal de Armando Gonzaga também vão fazer parte da exposição — Foto: Infoglobo/Alexandre Cassiano

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Publicidade Espaço cultural,recebeu investimento de R$1,2 milhão com recursos da Funarj

Além das reformas,o local ganhou um acervo cultural que busca homenagear a história do teatro. Entre os itens da nova exposição estão móveis que pertenciam ao próprio Armando Gonzaga e outros registros históricos como livros e matérias de jornais da época da fundação do espaço. Entre os itens mais marcantes estão a mesinha onde Armando costumava colocar seu whisky,um piano que estava presente na fundação do espaço e as penteadeiras usadas por artistas como Dercy Gonçalves,Elza Soares e Zé Ramalho.

Reinauguração com show de abertura

Após oito meses fechado para a reforma,o teatro será oficialmente reinaugurado na próxima segunda-feira (26). Durante a abertura do espaço,o Armando Gonzaga vai receber o programa Giro Cultural,projeto focado em proporcionar apresentações artísticas mais acessíveis,com a apresentação do sambista Leando Sapuchay. Os ingressos da apresentação foram vendidos por R$ 5,com a meia custando R$ 2,50 e esgotaram no primeiro dia.

Segundo o presidente da fundação,Jackson Emerick,a reinauguração do espaço faz parte da missão da entidade de fomentar a arte e a cultura por meio dos seus equipamentos.

— Acreditamos no poder transformador que a arte — afirma Jackson. — Conseguir entregar esse espaço histórico e agora melhorado para a população é uma alegria e demonstra nosso compromisso com a cultura.

Morador de Marechal há mais de 30 anos,Adilson Luziaria tem uma relação muito profunda com o bairro. Fundador de uma ONG que opera na região,ele conta que a população ficou muito preocupada com o fechamento do teatro.

— O pessoal de Marechal Hermes precisa muito de cultura — disse Adilson. — Em muitos bairros,o morador tem que ao centro da cidade para assistir a uma peça,e a gente tem esse aqui bem do lado de casa. A gente espera que,com sua reinauguração,a região tenha uma maior movimentação cultural e social. Tem muitos artistas aqui que são desconhecidos,mas,com o teatro em funcionamento,eles teriam uma oportunidade de se apresentar para o mundo.

Eliseu trabalha como porteiro do Armando Gonzaga há oito anos. Além de ser responsável pela entrada do espaço,o morador de Queimados é músico e trombonista,já tendo se apresentado no palco do Armando Gonzaga durante uma peça.

— O teatro reformado vai ser muito bom para o movimento de Marechal — afirma Eliseu. — O bairro tem tudo para ser um espaço cheio de cultura. Vejo sempre pessoas passarem por aqui com o violão na mão e perguntando quando o teatro ia abrir de novo. E agora eles vão poder se apresentar. Quem sabe eu até consigo me apresentar no palco de novo?

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Quem foi Armando Gonzaga?

Grande autor de comédias que brilharam nos palcos do Rio de Janeiro na primeira metade do século XX,Armando Gonzaga é conhecido por abordar conflitos familiares,costumes cotidianos e situações envolvendo personagens tipicamente cariocas em suas obras. É dele a autoria de textos como "Cala a Boca,Etelvina" e "O Ministro do Supremo".

*Estagiário sob a supervisão de Rafael Galdo