Funcionário verifica carros importados da China na chegada ao porto de San Antonio,em Valparaíso,Chile — Foto: AFP
RESUMO
Sem tempo? Ferramenta de IA resume para vocêGERADO EM: 23/08/2024 - 00:01
Ascensão dos Carros Chineses impulsiona mercado automotivo na América Latina
A China se destaca no mercado automotivo da América Latina,quadruplicando vendas em 5 anos. Carros chineses ganham espaço com qualidade e preços competitivos,liderando em veículos elétricos. Investimentos e parcerias impulsionam a presença chinesa,desafiando marcas tradicionais e favorecendo consumidores de diferentes classes sociais. A tendência é a expansão da eletromobilidade na região com o apoio da China.O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
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Com algumas dúvidas,Claudio Pérez comprou o seu primeiro carro familiar de origem chinesa. Dois anos depois,o caminhoneiro chileno não se arrepende da compra e afirma que seu próximo veículo também será fabricado na China.
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"A marca chinesa é estigmatizada,mas a caminhonete é impecável,não tive problemas",diz Pérez,47 anos,que trocou os carros coreanos por um modelo chinês da marca Jetour.
Ele não se convenceu a princípio devido à má reputação dos primeiros modelos chineses,mas precisava comprar um carro com urgência. Recebeu a indicação da marca e não se arrepende.
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As montadoras chinesas pisaram no acelerador e,com alternativas que aliam preço e qualidade,conseguiram conquistar o mercado da América Latina,superando Estados Unidos e Brasil.
Nos últimos cinco anos,a China quadruplicou as vendas para a região. Se em 2019 vendeu automóveis por US$ 2,18 bilhões (R$ 8,78 bilhões na cotação da época),em 2023 atingiu US$ 8,56 bilhões (R$ 41,43 bilhões na cotação da época),20% do total medido em dinheiro,para se tornar o principal fornecedor da América Latina,segundo o International Trade Center (ITC,em inglês).
Carros elétricos e seus nomes com siglas estranhas
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O Jaguar I-Pace é um SUV baixo e largo com a traseira de um hatchback. É tão esportivo de dirigir quanto qualquer outro Jaguar. O que é único: a aparência futurista do Jaguar I-Pace é funcional; Preço de partida: mais de R$ 346 mil — Foto: Divulgação
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A Volkswagen tem um desfile de EVs a caminho,mas colocou o primeiro,o ID.4,no segmento de SUVs pequenos,um dos favoritos dos EUA. A marca alemã também está transferindo a produção do ID.4 para sua fábrica no Tennessee/Divulgação - preço de partida: cerca de R$ 200 mil
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ID Buzz da Volkswagen é a versão repaginada da Kombi,só que elétrica. São três fileiras,que oferecem configurações de seis e sete assentos. A pintura tem dois tons. Impossível perdê-la no estacionamento. Preço de saída: cerca de R$ 360 mil/Divulgação
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O EV6 é o primeiro modelo da Kia disponível apenas como veículo elétrico. Até aparecer no início de 2022,apoiado por um anúncio do Super Bowl,as opções elétricas da Kia,o Niro e o Soul,também eram vendidas como carros híbridos e movidos a gasolina. Preço de saída: cerca de R$ 235 mil
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Interior do Kia EV6,o primeiro carro totalmente elétrico da Kia/Divulgação
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GMC Hummer EV: usar a sigla EV no nome é deixá-lo datado,diz consultor. É a maior picape do mercado de EVs. Preço de saída: R$ 534 mil
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O Mercedes Benz EQS é o carro de produção tecnologicamente mais avançado que a marca já produziu,o EQS inclui recursos futuristas,como um amplo painel curvo que funciona como tela sensível ao toque,assentos massageadores,controle de voz,controles biométricos e atualizações de software over-the-air. Preço de saída: R$ 505 mil/Divulgação
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O novo Mercedes Benz EQE é um pouco menor que o EQS,mas oferece uma cabine igualmente silenciosa e muitos dos mesmos detalhes sofisticados,incluindo um painel que é quase inteiramente uma tela sensível ao toque. Preço de partida: R$ 359 mil/Divulgação
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Chevrolet Bolt EV está no mercado há seis anos e,embora não carregue muito rápido nem leve muita coisa,é o veículo elétrico mais acessível dos EUA. Preço de saída: R$ 129 mil — Foto: Divulgação
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A Cadillac fez uma entrada ousada no mercado de veículos elétricos com seu Lyriq. Possui uma grade elegante com veios de luzes LED e uma extremidade traseira em forma de lágrima,que aumenta o espaço de carga e a aerodinâmica. Preço de partida: R$ 305 mil — Foto: Divulgação
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A Hyundai lançou o Ioniq em 2016 com um hatchback simples. O Hyundai Ioniq 5 é um SUV compacto com maior alcance,carregamento mais rápido (de 10 a 80% em 18 minutos) e um preço mais alto,a partir de R$ 194 mil/Divulgação — Foto: Divulgação
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A Lucid está se promovendo como uma alternativa mais luxuosa à Tesla. O Lucid Air,que custa a partir de R$ 420 mil,tem autonomia de 836 quilômetros e teto em estilo estufa que cobre uma cabine interna — Foto: Divulgação
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A Subaru finalmente entrou na corrida dos carros elétricos com o seu Solterra. A empresa economizou algum dinheiro ao desenvolver a máquina com a Toyota,de modo que o Solterra é basicamente o irmão do bZ4X. Preço a partir de R$ 218 mil — Foto: Divulgação
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Doze anos depois,a Nissan finalmente tem uma continuação de seu veículo elétrico Leaf. O Aryia é um dos poucos veículos elétricos para transporte de famílias com preço inicial abaixo de R$ 218 mil/Divulgação — Foto: Divulgação
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Combinado com a qualidade de construção impecável da Porsche,o design da cabine interna do Porsche Taycan e a personalidade de direção ágil,fazem do veículo um sedã EV incomparável no mercado atual. Preço de saída: cerca de R$ 400 mil/Divulgação — Foto: Divulgação
Veja uma galeria de automóveis elétricos das marcas mais conhecidas
Os Estados Unidos,que ocupavam o primeiro lugar até 2021,chegaram a 17%,enquanto os carros fabricados no Brasil caíram de 14% para 11% no ano passado.
No mercado emergente de veículos elétricos,o domínio é maior: 51% das vendas na região correspondem a carros do gigante asiático,enquanto praticamente todos os ônibus elétricos são chineses.
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"O crescimento dos fabricantes de automóveis chineses nos últimos anos tem sido exponencial,graças a melhorias significativas na qualidade,tecnologia e design",disse à AFP Andrés Polverigiani,gerente de inteligência de marketing automotivo da consultoria Nyvus.
Competir de igual para igual
Nenhum outro mercado fora da Ásia tem uma participação tão alta de automóveis desta origem,prova da importância da China,segundo parceiro comercial da região,nas economias latino-americanas,segundo o ITC.
Na União Europeia e nos Estados Unidos,dois mercados com uma forte indústria automotiva,a imposição de tarifas a impediu de avançar com maior força.
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Embora pequeno,o mercado chileno é considerado um dos mais competitivos do mundo. Praticamente livres de tarifas devido a uma ampla gama de acordos comerciais,80 marcas de 28 origens oferecem mais de 600 modelos de veículos.
O desembarque de carros chineses nos portos do país parece incessante.
Carros chineses ganharam espaço em países como o Chile — Foto: Rodrigo Arangua / AFP
"Um carro chinês aqui compete com as mesmas características de um americano ou europeu. As tarifas mais baixas também levaram a preços muito competitivos",destaca o presidente da Associação Nacional Automotiva do Chile,Diego Mendoza.
No ano passado,os carros chineses representaram quase 30% das vendas no país.
Assim como no Chile,Equador,Peru e Colômbia,a aposta da China é dominar o mercado,enquanto no Brasil e no México,os grandes fabricantes regionais,a China busca vender e também produzir.
A gigante BYD está construindo a maior fábrica de carros elétricos fora da Ásia em Camaçari,na Bahia,com capacidade para produzir 150 mil veículos por ano. A GWM também comprou uma fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (leste de São Paulo) para produzir 100 mil unidades elétricas por ano.
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"O Brasil é um país com grande volume de vendas,ainda com baixa presença de veículos elétricos e baixa presença de chineses. Se eu fosse executivo de uma empresa automotiva chinesa,também veria o mercado brasileiro com muito interesse",comenta à AFP Cassio Pagliarini,especialista da Bright Consulting.
Mais pelo mesmo preço
A China conseguiu atrair consumidores após se associar a grandes fabricantes,em alianças que permitiram baixar processos de produção e melhorar tecnologias.
"As pessoas os testavam e os adotavam de acordo com suas preferências",diz Rubén Méndez,gerente de marketing da Movicenter,onde carros são vendidos no Chile.
Em relação aos preços,José Carlos De Mier,representante da Nyvus no México e em Porto Rico,explica que "em alguns países da América Latina,as marcas de origem chinesa oferecem mais pelo mesmo preço".
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Na América Latina,os automóveis chineses permitiram o acesso ao primeiro veículo a segmentos da população de média ou baixa renda e a expansão de tecnologias mais limpas em cidades poluídas como Santiago,Bogotá ou Cidade do México,explica Sebastián Herreros,economista da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).
"Todos os nossos países têm que avançar rapidamente para a eletromobilidade devido a um desafio quase de sobrevivência e a China é um parceiro ideal: tem a escala de produção e a capacidade de vender a preços convenientes",acrescenta Herreros.