Pablo Marçal pede depósitos para financiar campanha — Foto: Reprodução/Redes sociais
Candidato à prefeitura de São Paulo pelo PRTB,Pablo Marçal passou a pedir doações nas redes sociais para custear a campanha deste ano. Na postagem,o empresário afirma que não vai gastar "nenhum real de dinheiro público" na disputa paulista. O partido tem apenas R$ 3,4 milhões do fundo eleitoral para usar em todas as suas campanhas pelo Brasil devido à baixa representação no Congresso.
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Marçal informou à Justiça Eleitoral já ter recebido doações de 353 pessoas físicas. Os depósitos por Pix — que variam de R$ 0,01 a R$ 1 mil — já somam R$ 10 mil.
Nas redes sociais,o empresário explica que as doações devem ser feitas por pessoas físicas e o valor não pode ultrapassar 10% dos rendimentos declarados à Receita Federal em 2023.
O ex-coach declarou à Justiça Eleitoral patrimônio de R$ 193,5 milhões em bens e aplicações,ao registrar sua candidatura à Prefeitura de São Paulo,o dobro do total informado no pleito anterior. Na época,Marçal tentou disputar a Presidência,mas se lançou na corrida por uma vaga na Câmara dos Deputados. O ex-coach chegou a ser eleito,mas seu registro foi indeferido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Marçal foi alvo de investigação da Polícia Federal por suspeita de lavagem de dinheiro,falsidade ideológica e crimes eleitorais. Em números absolutos,o acréscimo chega a quase R$ 100 milhões,na comparação com o contabilizado na eleição anterior. Os valores de 2022 foram corrigidos pelo Índice Nacional de Preços do Consumidor Amplo (IPCA),do IBGE,considerando as taxas de outubro daquele ano e de junho passado.
Crescimento patrimonial
O aumento patrimonial do atual candidato a prefeito ocorreu principalmente em investimentos financeiros. Apenas em títulos de renda fixa do mercado imobiliário,o empresário declarou R$ 31,2 milhões a mais que há dois anos. Já em créditos para o agronegócio,há R$ 12 milhões a mais que o contabilizado em 2022.
Novas aplicações não especificadas no Banco Itaú,de cerca R$ 49 milhões,também foram listadas este ano. O maior bem declarado pelo empresário permanece sendo os R$ 80 milhões correspondentes a 80% do capital social da Aviation Participações LTDA,empresa de aluguel de aviões,helicópteros e salas comerciais. Entre outras dez participações societárias,o empresário listou mais R$ 1 milhão investido.
Também foram contabilizados dois imóveis do ex-coach,sendo o primeiro uma chácara avaliada em R$ 62 mil no município de Trindade,Goiás,e o segundo uma fazenda de R$ 4,9 milhões em Barueri,São Paulo. Na declaração deste ano,o empresário deixou de fora um apartamento no município de Aparecida de Goiânia (GO),quitado por cerca de R$ 100 mil,e uma série de ações em empresas menores,informada em 2022.
Empresas na mira
No ano passado,Marçal foi alvo de uma operação que mirou doações milionárias para a sua campanha passada — a maior parte feita pelo próprio candidato. A PF apontou suspeitas sobre como o dinheiro foi gasto. Na declaração de despesas da campanha presidencial,por exemplo,foram feitos pagamentos para empresas em que Marçal era sócio.
Em duas ocasiões,ele declarou como gasto de campanha (no total de R$ 112 mil) alocação de aviões da Aviation Participações Ltda,da qual é sócio junto com Marcos Paulo — que foi o maior doador de sua campanha para deputado federal. Como mostrou O GLOBO,o inquérito destaca também a contratação,por sete vezes,da Marçal Participações Ltda.,da qual é dono junto com a mulher,Ana Carolina Carvalho,pelo valor de R$ 288 mil,para prestar serviços de locação de veículos,auditórios,aeronaves e helicópteros.
Na operação feito em julho de 2023,foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão na casa do ex-coach e de mais três pessoas,além de três empresas de Marçal,em Barueri e Santana de Parnaíba,na Região Metropolitana de São Paulo. Marçal começou a ser investigado após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificar 42 movimentações financeiras consideradas suspeitas em suas contas. A apuração corre sob sigilo.
Em um trecho do inquérito,os investigadores destacaram que o relatório viu que uma “movimentação milionária entre as empresas administradas por Pablo,sua pessoa física e sua campanha presidencial”. Entre 1º de agosto e 9 de outubro de 2022,durante o período eleitoral,a empresa Marçal Holding Ltda enviou à conta física do coach,por meio de Pix,um total de R$ 3,6 milhões. No mesmo período,Pablo Marçal enviou à Marçal Participações Ltda um total de R$ 1,6 milhões. A Aviation Participações Ltda,que recebeu R$ 112 mil da campanha presidencial,enviou ao coach R$ 154 mil.
Na época,Marçal alegou que era perseguido politicamente por ter apoiado Bolsonaro na campanha. Sua defesa declarou que “nenhum ilícito foi praticado e nenhum centavo de dinheiro público foi utilizado nas campanhas eleitorais,sendo todas as prestações de contas apresentadas aos tribunais eleitorais competentes para julgamento”.