Ana Marcela Cunha nada nas águas do Rio Sens — Foto: Satiro Sodré/CBDA
Atual campeã olímpica,Ana Marcela Cunha não conseguiu repetir a performance de Tóquio-2020,e terminou em 4º lugar na prova de 10km da maratona aquática,nesta quinta-feira,em Paris. O pódio foi formado pela holandesa Sharon van Rouwendaal (ouro),seguida pela australiana Moesha Johnson (prata) e pela italiana Ginevra Taddeucci,que ficou com o bronze. A outra brasileira na prova,Viviane Jungblut terminou na 11ª colocação.
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— Acho que um 4º lugar é um abismo muito grande entre ter uma medalha. Posso falar que em 2008,quando eu fui 5ª,não doeu tanto quanto agora — disse Ana Marcela ao fim da prova,relatando que há um ano quase desistiu de nadar por não se sentir mais feliz com o esporte.
Apesar da colocação "dolorosa" desta vez,a medalhista de ouro em Tóquio disse tem orgulho de sua trajetória:
— Tenho que manter a cabeça erguida,olhar para frente. Não prometo nada para Los Angeles (Olimpíada de 2028),mas acho que tem a copa do mundo aí para frente,é virar uma página e ver como vai ser. Estou com 32,é uma bagagem muito grande,muitas conquistas e é ver o que vou fazer daí para a frente.
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Início da maratona aquática,às 2h30 da manhã (horário de Brasília) — Foto: Luiza Moraes / COB
Das 24 atletas que caíram na água,17 eram estreantes em Jogos Olímpicos. Como a espanhola Maria Alvarez,que foi medalha de prata no último Mundial,atrás da holandesa Sharon van Rouwendaal.
Na primeira volta,Ana Marcela se manteve no bloco da frente. Na segunda volta,a holandesa assumiu a liderança; a brasileira apareceu em 7º,a 13,6 segundos atrás da medalhista de prata em Tóquio e ouro na Rio-2016.
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Logo depois,a brasileira conseguiu reduzir a vantagem para o 1º lugar,agora com a australiana Moesha Johnson,para quatro segundos. Ela fechou a terceira volta em quarto lugar,se mantendo no pelotão da frente na metade da prova. A holandesa caiu para segundo,seguida de outra australiana Chelsea Gubecka.
A menos de três quilômetros do fim,Ana Marcela viu o trio formado pela australiana Moesha,pela holandesa Rouwendaal e pela italiana Ginevra Taddeucci se desgarrar na frente. A distância era de quase 20 segundos.
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Após a quinta volta completa,a diferença aumentou para mais de 30 segundos,em 4º lugar. Ali ficou claro que o pódio já estava formado. Restava saber quem ficaria com qual medalha. Ana Marcela terminou a prova 41.5 segundos atrás da campeã. A holandesa,agora bicampeã olímpica,fez a prova em 2h03min34s.
Correnteza: a favor e contra; problemas diferentes para as brasileiras
Paris-2024: Viviane Jungblut termina maratona aquática em 11º — Foto: Luiza Moraes / COB
A brasileira Viviane Jungblut,que chegou a ficar em 4º no início da prova,terminou o percurso em 11º,2min41s atrás da liderança. Na avaliação da atleta,ela sentiu que "a casa caiu" nas duas últimas voltas,quando se distanciou do pelotão.
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— Eu realmente fiz bastante força no começo,para tentar me manter ali nas primeiras posições. Com certeza eu esperava mais e a gente queria mais,sonhava em estar mais perto da medalha. Mas eu tenho noção de que entreguei meus 100% na água. Foi uma prova bem diferente do que a gente está habituada,mas a nossa modalidade é isso: a gente tem que estar preparado para todas as adversidades — explicou Viviane.
Segundo a atleta,a correnteza atrapalhou a prova,obrigando as nadadoras a fazerem mais esforço quando nadaram contra a força do Rio Sena:
— Acho que aí acabei me desgastando um pouco mais do que deveria.
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O desafio para Ana Marcela,no entanto,foi nadar a favor da correnteza.
— Onde o pessoal estava com mais dificuldade,foi onde me senti bem,que foi contra a correnteza. Eu tive mais dificuldade a favor. Acho que,na terceira volta,a australiana acabou me atrapalhando um pouco. Quando a gente foi virar,ela estava no pé das meninas e as meninas já tinham aberto um pouco. Aí,quando a gente entrou na correnteza a favor,elas abriram mais ainda e depois ficou mais difícil — relatou Ana Marcela.
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Condições da água do Rio Sena: espera e reza nos próximos dias
Ana Marcela Cunha: nadar a favor da correnteza foi maior desafio no Rio Sena; atleta irá 'rezar' após dar 'goladas' na água — Foto: Luiza Moraes / COB
Assim como nas provas do triatlo,entre os atletas da maratona aquática também havia a expectativa de se nadariam ou não no rio. Temendo as condições da água,nadadoras desistiram de treinar no local da prova.
Durante a maratona aquática,não há reclamações. Nesta quinta-feira,Viviane Jungblut afirmou que acabou "não prestando muita atenção" se a água estava boa ou não,e que será preciso esperar os efeitos daqui a alguns dias,disse rindo.
Já para Ana Marcela,depois de "umas goladas para dentro",o jeito será "rezar" nos próximos dias para não sentir nenhum efeito adverso.