"A tecnologia ainda está a evoluir para que nós consigamos ter baterias e fontes de armazenamento de energia que permitam ter custos interessantes para que possam ser adotados a nível industrial e conseguir armazenar energia a uma escala que permita compensar a intermitência das energias renováveis",afirmou,em entrevista à Lusa,a responsável da consultora de inovação colaborativa.
Ana Ferreira salientou que é nesta questão que o hidrogénio tem um papel crucial,uma vez que tem potencial de armazenar energia proveniente de fontes renováveis em grande escala e durante mais tempo,comparativamente com outras soluções.
A responsável realçou que "o avanço da inovação tem sido tremendo neste aspeto",mas há desafios,sobretudo do ponto de vista industrial,onde,devido à pegada carbónica,o armazenamento de energia pode dar um grande contributo.
Além de permitir guardar a energia renovável produzida para ser usada quando a procura for muito grande e a energia da rede não conseguir dar resposta,ou mesmo durante a noite,o armazenamento de energia permite uma gestão mais eficiente dos recursos energéticos e a redução dos custos,uma vez que é possível guardar energia durante períodos de baixa procura,quando os preços são mais baixos,para ser usada durante os picos da procura,quando os preços são mais altos.
"Isto pode reduzir significativamente os custos de energia,por exemplo,numa grande indústria e isto reduz também a necessidade de recorrer a centrais de energia que são mais poluentes e mais caras durante os períodos de alta procura",destacou Ana Ferreira.
Já no que diz respeito à mobilidade elétrica,apontou,o maior desafio tem que ver com o desenvolvimento de soluções para o final de vida útil das baterias.
"Nós,Beta-i,através dos nossos programas de inovação aberta,já há muitos anos que temos vindo a conhecer muitas 'startup' com uma grande maturidade em termos de tecnologia e uma grande maturidade em termos de negócio,ou seja,são 'plug and play',estão prontas para fazer parcerias com grandes empresas para o lado da mobilidade elétrica",referiu a responsável.
A consultora está envolvida num projeto que envolve cerca de meia centena de entidades,o New Generation Storage,que conta com um financiamento de aproximadamente 100 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR),para desenvolver soluções para a reciclabilidade e a utilização da segunda vida das baterias.
No âmbito deste projeto,está também a ser criada uma plataforma que pretende ser um ponto de entrada para todos os temas relacionados com o armazenamento de energia e que vai permitir o acesso a informação,parceiros tecnológicos,clientes,ou fontes de financiamento para desenvolver os projetos.
Ana Ferreira vincou que os projetos de inovação aberta são importantes para acelerar a transição energética.
"Se as empresas forem colaborativas,porque todas elas precisam de fazer uma transição energética de forma sustentada,esse investimento pode ser menor e pode ser mais rápido nós conseguirmos essa transição",defendeu.
Para a consultora,que tem a função de garantir que os projetos tecnológicos têm viabilidade financeira e de negócio,além do investimento,existem outras variáveis no desenvolvimento das tecnologias necessárias para acelerar a transição energética e uma delas é o enquadramento regulamentar.
Ana Ferreira defendeu a participação dos agentes de regulação à medida que se vai investindo nos projetos e evoluindo na inovação,para se ir percebendo como se deve ir desenvolvendo o enquadramento legal,para prevenir eventuais barreiras à implementação das soluções.
A ministra do Ambiente e Energia,Maria da Graça Carvalho,anunciou hoje,em audição no parlamento,que vai ser lançado,em setembro,um leilão de armazenamento de energia no valor de 99,75 milhões de euros provenientes do PRR.
A atualização do PRR divulgada em abril prevê 100 milhões de euros do programa REpower EU,para a aposta nas baterias e na flexibilidade da rede elétrica.