Indicado de Lula para dirigir BC não deve baixar juros antes da metade de 2025, prevê Bradesco. Entenda

O presidente do BC,Roberto Campos Neto,e o diretor de Política Monetária,Gabriel Galípolo — Foto: Cristiano Mariz

RESUMO

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GERADO EM: 25/06/2024 - 04:00

Analistas do Bradesco preveem manutenção dos juros até 2025

Analistas do Bradesco preveem que o indicado de Lula para o BC não reduzirá os juros antes de 2025,mantendo-os em 10,5% até a segunda metade do ano. A nova composição do Copom deve garantir estabilidade e credibilidade antes de possíveis cortes. A situação fiscal requer medidas difíceis,sem soluções rápidas.

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil a ser formado por uma maioria de diretores indicados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a partir de 2025 — o que inclui o sucessor do atual presidente do Banco Central,Roberto Campos Neto — deve manter os juros inalterados pelos primeiros seis meses,de acordo com analistas do Bradesco.

O atual diretor de Política Monetária do BC,Gabriel Galípolo,é visto como o provável indicado pelo presidente Lula para assumir a presidência do BC a partir de 2025. Ex-braço-direito do ministro da Fazenda,Fernando Haddad,ele deixa dúvidas no mercado sobre sua capacidade de resistir às pressões do presidente da República por uma redução mais rápida nos juros para favorecer o crescimento da economia.

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Mas,para os analistas do Bradesco,o BC não poderá cortar juros até o fim do primeiro semestre do ano que vem. O banco vê os juros parados no atual nível de 10,5% até a segunda metade do ano que vem,quando devem voltar a cair até 9,5%.

Para Myriã Bast,superintendente de Pesquisas Econômicas da instituição,a nova composição do comitê deve segurar a taxa Selic no primeiro semestre,o que ajudará a inflação a convergir para o objetivo do BC e dará “novos sinais claros de comprometimento com o regime de metas”.

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A redução dos ruídos com a volta do consenso ao Copom deve ajudar a ancorar as expectativas e abrir espaço para o Banco Central cortar os juros em meados de 2025. Com essa combinação de juro restritivo por mais tempo e ganho de credibilidade,“vemos espaço para corte”,disse à agência Bloomberg.

Sem 'bala de prata'

O banco espera que a inflação atinja 3,8% no final de 2024 e 3,1% no fim de 2025. A economista afirma que os cortes devem acontecer mesmo em um cenário-base de piora gradual da dívida pública — e diz que não há mais “bala de prata” para resolver a situação fiscal.

Sem uma grande reforma,como a da Previdência,que promova um impacto significativo e rápido nas contas,a alternativa para o fiscal passará por soluções de difícil aprovação e aceitação,como corte de gastos e aumento de receita,disse ela.

Para Myriã,a decisão unânime do BC,assim como o cenário alternativo do Copom que indicou inflação na meta com juro inalterado,foi uma forma de acalmar as expectativas e colocar “panos quentes” na discussão de alta de juros — já embutidos nos contratos futuros para este ano.

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Após a decisão do Copom,a curva de juros reduziu as apostas em um ciclo de aperto neste ano. A precificação extraída das taxas do contrato de juros futuros negociados na B3 aponta para uma elevação de 0,50 ponto percentual da Selic até o fim do ano. Antes da reunião do comitê,os operadores se posicionavam para uma alta de 0,75 ponto percentual do juro básico.

O caminho para uma melhora mais consistente das expectativas de inflação,contudo,passa por uma série de fatores além da diminuição do ruído sobre a política monetária,disse Myriã.

Segundo ela,também é necessário uma melhora do ambiente externo,com o corte nos juros americanos,a publicação do decreto da meta contínua,a divulgação do novo comando do BC e o detalhamento de medidas de corte de despesas pelo governo.

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