Vini Jr com a camisa do Real Madrid — Foto: Ben Stansall / AFP
Há um bom tempo o mundo presenciou e se revoltou com os episódios de ataques racistas a Vini Jr. Muito se falou sobre a melhor maneira de combater toda essa movimentação de ódio sobre o jovem brasileiro de apenas 23 anos.
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Os fatos repetitivos mostram que o tema é completamente independente de outros fatores,como o econômico,o desempenho,ou seja lá o que mais se diga. Por inúmeros momentos,milhares de pessoas tentaram desumanizá-lo. A expressão certa é tentar,porque não conseguiram.
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Vini Jr. hoje é um dos principais jogadores de futebol do planeta,grande candidato a ganhar o prêmio de melhor do mundo,atuando num dos maiores clubes da História,decisivo para a campanha campeã do Real Madrid na Liga dos Campeões.
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Apesar da pouca idade,o rapaz demonstrou força,coragem e resiliência para seguir em frente,mesmo com evidentes dores das feridas que toda essa agressão gerou em sua alma. Não se calou,seguiu trabalhando,lutou e,na semana passada,disse uma frase que ficará marcada:
— Não sou vítima de racismo. Eu sou algoz de racistas.
Uma declaração que reflete a vitória obtida na Justiça espanhola,que puniu com prisão três torcedores do Valencia por insultos racistas no estádio Mestalla,no dia 21 de maio de 2023,em jogo contra o Real Madrid pelo Campeonato Espanhol.
La Liga,entidade que organiza a competição,denunciou o caso à Justiça,que contou com adesão da Federação Espanhola de Futebol,do Real Madrid e de Vini Jr. à denúncia. De acordo com La Liga,outros 20 casos de racismo contra o jogador foram denunciados. Em seis,a polícia não conseguiu identificar os agressores,enquanto outros dois envolvem menores de idade e estão com as autoridades competentes. Os demais estão em andamento.
Além da sentença de prisão,a Justiça proibiu os condenados de frequentar estádios de futebol por dois anos. A decisão é extremamente importante,não apenas para Vini Jr.,mas também para o Campeonato Espanhol,para a Espanha,para o futebol e para a luta antirracista no mundo inteiro.
Note-se que nem sequer existe previsão de punição criminal para a prática de racismo naquele país. Esse é o tamanho do impacto da comoção mundial nascida deste momento. A condenação se deu por delitos contra a integridade moral do jogador,com agravante de discriminação por motivos racistas.
A virada de jogo é fruto de muita luta e persistência. É só lembrar que,em 31 de dezembro de 2022,Vini Jr. protestou em suas redes sociais contra a postura permissiva da Liga e apontou o absurdo em afirmar que a culpa de tudo era dele. Naquele mesmo dia,o presidente da organização se defendeu e o aconselhou a se informar melhor.
Felizmente,foi possível a ruptura dessa espiral tão danosa,e um recado foi dado. Observando o tamanho da dificuldade e da pressão que Vini Jr. tinha sobre si,esse passo é enorme e precisa ser comemorado.
A famosa frase do imperador romano Júlio Cesar — Veni,vidi,vici/ Eu vim,eu vi,eu venci — se aplica bem hoje,mas com uma pequena adaptação para se encaixar perfeitamente: Vini,vici.